INVESTIGAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA SALIVA DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO / MICROBIOLOGICAL RESEARCH OF SALIVA OF PETS

Elaine Alves da Silva, Priscila Reina Siliano da Silva

Resumo


A presença de animais de estimação nos lares brasileiros é grande, como mostra pesquisa feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação. É esperado que haja troca de microrganismos entre esses animais e seus donos, o que pode trazer riscos tanto para a saúde dos animais quanto dos humanos. Conhecer a microbiota normal da saliva dos animais de estimação pode ser ótimo meio de avaliar os riscos de contaminação, além de ser subsídio para pesquisas sobre diversas doenças que acometem os animais. Para realização deste trabalho foram coletadas amostras da saliva de cachorro, gato e porquinho-da-índia saudáveis atendidos em clínica veterinária. Para detecção de bactérias aeróbias, as amostras foram cultivadas em ágar sangue e as colônias crescidas foram submetidas à coloração de Gram e teste da catalase. As amostras também foram cultivadas em ágar chocolate e incubadas em jarra de anaerobiose para isolar bactérias anaeróbias. As colônias crescidas receberam coloração de Gram e foram classificadas quanto à sua morfologia, tolerância à presença de O2, capacidade de realizar hemólise e capacidade de produzir catalase. Além disso, as amostram foram semeadas em meio MacConkey, EPM, MILi e Citrato, para  verificar a presença de bactérias Gram-negativas, e em ágar Sabouraud e avaliar presença de fungos. Os resultados obtidos sugerem a presença de Staphylococcus sp., Neisseria sp. e Escherichia coli na saliva de cachorros;  Staphylococcus sp. na saliva de gatos; e Staphylococcus sp. e enterobactérias  (Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae ou Serratia sp.) na saliva de  porquinho-da-índia. Não houve crescimento de fungos em nenhuma das amostras.

Palavras-chave: Microbiota. Saliva. Cachorro. Gato. Porquinho-da-índia.

 

ABSTRACT

 

The presence of pets in Brazilian homes is great, as research done by the National Association of Manufacturers of Food for Pets shows. It is expected that there is exchange of microorganisms between these animals and their owners, which can pose risks to the health of both animals and humans. Knowing the normal microbiota of the saliva of pets can be a great way to assess the risks of contamination, in addition to being grant for research on various diseases that affect animals. For this study, saliva samples of dog, cat and guinea pig healthy treated at a veterinary clinic were collected. For detection of aerobic bacteria, samples were cultured on blood agar and grown colonies were subjected to Gram staining and catalase test . The samples were also grown on chocolate agar and incubated in an anaerobic jar to isolate anaerobic bacteria. The colonies grown received Gram staining and were classified according to their morphology, the presence of O2 tolerance, ability to perform hemolysis and ability to produce catalase. Furthermore, amostram were seeded in MacConkey, EPM, MILi and citrate, for the presence of Gramnegative bacteria, and Sabouraud agar for the presence of fungi. The results suggest the presence of Staphylococcus sp., Neisseria sp. and  scherichia coli in saliva of dogs, Staphylococcus sp. in the saliva of cats, and Staphylococcus sp. and Enterobacteriaceae (Citrobacter freundii, Enterobacter cloacae or Serratia sp.) in the saliva of guinea pig. There was no fungi growth in any  ample.

Keywords: Microbiota. Saliva. Dog. Cat. Guinea pig.

 


Palavras-chave


microbiota; saliva; cachorro; gato; porquinho-da-índia.

Texto completo:

PDF

Referências


BRASIL. ANVISA. Boas práticas em microbiologia clínica: módulo 4. Disponível em: . Acesso em: 28 mar. 2013.

ARAÚJO, F.R.G. et al. Normal microbiota of the perialveolar region of incisors of rats. Arquivo brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 59, n. 6, p. 1586-1588, 2007.

BAILIE, W.E.; STOWE, E.C.; SCHMITT, A.M. Aerobic bacterial flora of oral and nasal fluids of canines with reference to bacteria associated with bites. Journalof Clinical Microbiology, v. 7, n. 2, p. 223-231, 1978.BRASILEIRO gasta cerca de R$ 350 ao mês em cuidados com animais de estimação. Disponível em . Acesso em: 25 jan. 2013.

CRUZ, A. R.; PAES, A. C.; SIQUEIRA, A. K. Perfil de sensibilidade de bactérias patogênicas isoladas de cães frente a antimicrobianos. Veterinária e Zootecnia, Botucatu, v. 12, n. 1/2, p. 601-610, 2012.

DRISCOLL, C. A. et al. A longa (e incompleta) domesticação do gato. Scientific American Brasil. Disponível em:

acao_do_gato.html>. Acesso em: 28 mar. 2013.

FELIZARDO, K. R. et al. An evaluation of the expression profiles of salivary proteins lactoferrin and lysozyme and their association with caries experience and activity. Revista Odonto Ciência, v. 25, n.4, p. 344-349, 2010.

FONSECA, S. A. et al. Análise microbiológica da placa bacteriana da doença periodontal em cães e o efeito da antibioticoterapia sobre ela. Revista Ciência Rural, v.41, n. 8, p. 1424-1429, 2011.

FONSECA, A. B.; LITO, L. M.; COSTA, M. T. M. P. (Red.). Orientações para elaboração de um manual de boas práticas em bacteriologia, 2004.

FURNARI, N. Corte intra e interespecífica em cobaias (Cavia porcellus) e preás (Cavia aperea). 2006. 148 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Experimental) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

LOPES, K. R. F.; SILVA, A. R. S. Considerações sobre a importância do cão doméstico (Canis lupus familiaris) dentro da sociedade humana. Acta Veterinaria Brasilica, v. 6, n. 3, p. 177-185, 2012.

MADEIRA, M. F. M. Aspectos clínicos, ecológicos e Taxonômicos do gênero Fusobacterium. 2006. 43 f. Monografia (Especialização em Microbiologia) - Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.

NISHIYAMA, S. A. B. et al. Detection of putative periodontal pathogens in subgingival specimens of dogs. Brazilian Journal of Microbiology, n. 38, p. 23-28, out. 2006.

OPLUSTIL, C. P. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. São Paulo: Sarvier, 2000. 254p.

PELCZAR JR., J.M.; KRIEG, N. R.; CHAN, E.C.S. Microbiologia, conceitos e aplicações. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2005.

PONTES, Érica; CORREA, Rafael. Cão: amigo do homem e do trabalho. Disponível em: . Acesso em: 25 jan. 2013.

RAMOS, A. S. et al. Índices ecocardiográficos em cães sadios e com doença periodontal. In: Semana Acadêmica de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da UFRRJ, 2., 2011, Rio de Janeiro. Seropédica: Edur, 2011. P. 86-87.

SANTOS, A. G. Perfil epidemiológico da população canina assistida pelo serviço de pronto atendimento do centro de controle de zoonoses Paulo Dacorso Filho. 2006. 64 f. Dissertação (Mestrado em Sanidade Animal) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias do Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

SILVA, P. R. S. Apostila de Microbiologia – 3º ano. 2012. SONG, Se Jin et al. Cohabiting family members share microbiota with one another and with their dogs. 2013. Disponível em: . Acesso em: 15 jul. 2013.

TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. 718 p.

TUNON, G. I. L.; SILVA, E. P.; FAIERSTEIN, C. C. Isolamento de estafilococos multirresistentes de otites em cães e sua importância para a saúde pública. Boletim Epidemiológico Paulista, vol.5, n.58, p. 04-07. 2008.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista Saúde em Foco N° 1/2014