Ficcionando o Espaço Rural: A Fantasia e o Imaginário na Invenção dos Didangos/ Fictionalizing Rural Space: Fantasy and Imaginary in the Invention of Didangos

Daniel Conte, Josiani Job Ribeiro, Marinês Andrea Kunz

Resumo


A narrativa é essencial ao ser humano e, da necessidade de seu registro, nasce a escrita que, por sua vez dá origem à materialidade ficcional. Ao construir uma narrativa literária, o escritor se apropria de diferentes elementos que possibilitarão a compreensão do leitor em relação a seu texto. Deste modo, este ensaio analisará como o espaço, um dos elementos da narrativa, apresenta-se no conto Onde andam os Didangos, de José J. Veiga. Explorando os conceitos de imaginário, espaço e ambientação, entre outros, com o amparo dos teóricos: Terry Eagleton, Roland Barthes, Michel Maffesoli, Osman Lins, Antonio Dimas, Ítalo Calvino e Bronislaw Baczko. Na relação entre fantasia e realidade, é explorada a perspectiva pueril de uma família, com base na conjuntura camponesa. A imaginação de uma criança, os bichos por ela inventados e seu temor ao desconhecido conduzem a ruralização do espaço e à contextualização social. E, à medida que a criança se afasta da fabulação e experiência a vida, seu mundo é ressignificado, concedendo serventia a seus medos e ao que a circunda.

 

Palavras-chave: Narrativa literária. Fantasia.  Espaço. Ambientação. Imaginário.

 

 

ABSTRACT

 

Narrative is essential to human beings, and the need for its registration, gives space to writing that gives rise to fictional materiality. When designing a literary narrative, the writer appropriates himself of different elements that will enable the reader's understanding in relation to the text. This paper will examine how space, one of the narrative’s elements , is portrayed in the story Onde andam os Didangos from José J. Veiga. Exploring some concepts of the imaginary, space and ambiance, among others, through theories from: Terry Eagleton, Roland Barthes, Michel Maffesoli, Osman Lins, Antonio Dimas, Ítalo Calvino and Bronislaw Baczko. In the relationship between fantasy and reality, it is explored the puerile perspective of a family, based on its peasant environment. A child's imagination, the animals invented by him and his fear of the unknown, lead to ruralization of space and social context. Moving away from the child’s confabulation and ends up experiencing life, his world assume a new meaning, granting power to his fears and to what surrounds him.

 

Keywords: Literary narrative. Fantasy. Space. Ambience. Imaginary.


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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2016.13.5.10

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