O Trabalho de Campo Como Prática Pedagógica em Cartografia / Fieldwork as Pedagogical Practice in Cartography

Ronaldo dos Santos Barbosa, Rodrigo Lima Santos

Resumo


Este estudo procura oferecer subsídios práticos para reflexões sobre a importância do trabalho de campo na formação de geógrafos. Como realidade objetiva, toma-se por base uma experiência vivenciada durante o segundo semestre letivo de 2013, no curso de Geografia do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz, da Universidade Estadual do Maranhão, na disciplina Prática: Experimentação em Cartografia. Utilizou-sede um vasto referencial teórico, abordando principalmente os conceitos de lugar e paisagem, aspectos físicos, econômicos e históricos da área de estudo e a teoria da comunicação cartográfica. Na abordagem do lugar, foram utilizadas conversas informais com moradores, sendo feitas algumas anotações dos depoimentos dos mesmos. Na abordagem da paisagem, foram utilizados mapas de hipsometria e uso da terra, fotografias e observações in loco. Destacam-se as contribuições na formação dos futuros geógrafos, pois eles tiveram a oportunidade de experimentar na prática os conceitos de lugar e paisagem, conhecer um pouco da história de vida de alguns moradores, vivenciar o cotidiano destes moradores e interpretar, na prática, mapas temáticos produzidos por integrantes do LabCartE (Laboratório de Cartografia e Ensino). Atividades dessa natureza contribuem tanto para a formação acadêmica, quanto para a formação de cidadãos conscientes e participantes nas mudanças da sociedade. Entende-se que é na universidade que o acadêmico começa a vivenciar e praticar ciência, e ciência se faz com método. Portanto, o trabalho de campo deve ser realizado de forma consciente, tanto pelo professor coordenador quanto pelos alunos participantes. Além disso, como prática pedagógica, deve ser separado dos momentos de lazer.

 

Palavras-chave: Lugar. Paisagem. Trabalho de Campo. Geografia.

 

ABSTRACT

This study tries to offer practical subsidies for reflections on the importance of fieldwork in the training of geographers. As an objective reality, based on an experience during the second semester of 2013 in the Geography course of the Center for Higher Studies of Imperatriz, State University of Maranhão, in the discipline Practical: Experimentation in Cartography. A broad theoretical framework was used, focusing mainly on the concepts of place and landscape, physical, economic and historical aspects of the area of study and the theory of cartographic communication. In the approach of the place, informal conversations with residents were used, being made some notes of the testimonies of the same ones. In the landscape approach, maps of hypsometry and land use, photographs and in loco observations were used. We highlight the contributions in the training of future geographers, since they had the opportunity to experience the concepts of place and landscape in practice, to know a little of the life history of some residents, to experience the daily life of these residents and to interpret thematic maps in practice produced by members of the Laboratory of Cartography and Teaching. Activities of this nature contribute both to the academic formation and to the formation of conscious citizens and participants in the changes of society. It is understood that it is in the university that the academic begins to experience and practice science, and science is done with the method. Therefore, the fieldwork must be carried out in a conscious way, both by the coordinating teacher and by the participating students. Moreover, as a pedagogical practice, it should be separated from leisure time.

Keywords: Place. Landscape. Fieldwork. Geography.


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


ALENTEJANO, P. R. R.; ROCHA-LEÃO, O. M. Trabalho de Campo: uma ferramenta essencial para geógrafos ou um instrumento banalizado? Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, n. 84, p. 51-68, 2006.

AMORIM, R. R. Um novo olhar na geografia para os conceitos e aplicações de geossistemas, sistemas antrópicos e sistemas ambientais. Caminhos de Geografia. Uberlândia, v. 13, n. 41, p. 80-101, mar/2012.

ANTUNES, Celso. Marinheiros e professores. Petrópolis: Editora Vozes, 2001.

ARCHELA, R. S.; ARCHELA, E. Correntes da cartografia teórica e seus reflexos na pesquisa. Geografia. v. 11, n. 2, jul/dez, 2002.

BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Tradução de Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BARBOSA, R. dos S., CHAVES, M. R. Geomorfologia Ambiental e Suas Contribuições para o Planejamento da Bacia do Riacho Açaizal/MA. Pesquisa em Foco (UEMA). v.18, p.01 - 22, 2010.

BARBOSA, R. dos S., CHAVES, M. R. Histórico de ocupação da bacia hidrográfica do riacho Açaizal-MA. Caminhos de Geografia (UFU). v.12, p.137 - 150, 2011.

BERTRAND, G.; BERTRAND, C. Uma geografia transversal e de travessias: o meio ambiente através dos territórios e das temporalidades. Maringá: Massoni, 2009.

BRITO, D. S, BARBOSA, R. dos S. Geoprocessamento aplicado a análise da dinâmica do uso da terra na Bacia Hidrográfica do riacho Açaizal, Senador La Rocque-MA. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 2011, 15. Curitiba. Anais... São Paulo: INPE, 2011.

CALLAI, H. Estudar o lugar para compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, A. C. (Org.). Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

CARLOS, A. F. A. Definir o Lugar? In: ________. O lugar no/do mundo. São Paulo: Labutar Edições, 2007. p. 17-20.

CORREA, R. L. Reflexões sobre Paradigmas, Geografia e Contemporaneidade. Revista da ANPEGE, v. 7, n. 1, número especial. p. 59-65, out. 2011.

FERREIRA, Luiz Felipe. Acepções recentes do conceito de lugar e sua importância para o mundo contemporâneo. Revista Território, Rio de Janeiro, ano V, n" 9, pp. 65·83, jul./dez., 2000.

HOLZER, Werther. O lugar na geografia humanista. Revista Território. Rio de Janeiro, ano IV, n° 7, p. 67-78, jul./dez. 1999.

HUERTAS, D. M. Além do aspecto puramente acadêmico: o trabalho de campo como uma verdadeira experiência de vida. GEOUSP – espaço e tempo. n. 21, p. 149-155, 2007.

HUNKA, P. G.; ALONSO, S. F.; VIANNA, P. C. G. Pesquisa de Campo: uma experiência na bacia do rio Guajaú PB/RN. Campo-Território: revista de geografia agrária, v. 2, n. 4, p. 120-128, ago. 2007.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: < http://www.censo2010.ibge.gov.br/>.

MASETTO, M. T. Competência pedagógica do professor universitário. 1. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2003.

OLIVEIRA, I. J. de; MARTINELLI, M. O uso dos mapas no trabalho de campo em geografia física. Geografia. Rio Claro, v. 32, n. 1, p. 163-179, jan./abr. 2007.

RODRIGUES, A. B.; OTAVIANO, C. A. Guia Metodológico de Trabalho de Campo em Geografia. Geografia: Revista do Departamento de Geociências, Londrina, v. 10, nº. 1, p. 35-43, jan./jun., 2001.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: HUCITEC, 1996.

SANTOS, R. L; SANTOS, R. L; BARBOSA, R. dos S. Caracterização da bacia hidrográfica do riacho Açaizal em Senador La Rocque – Brasil. Revista Eletrônica Geoaraguaia. Barra do Garças – MT. v. 3, n. 2, p 159 – 181. ago/dez. 2013.

SERPA, A. O trabalho de Campo em Geografia: uma abordagem teórico-metodológica. Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, nº 84, p. 7-24, 2006.

SUERTEGARAY, D. M. A. Espaço geográfico uno e múltiplo. Rev. Scripta Nova, Universidad de Barcelona, v. 5, p. 79 – 104, 2010.

TOMITA, L. M. S. Trabalho de Campo como instrumento de ensino em Geografia. Geografia: Revista do Departamento de Geociências, Londrina, v. 8, nº. 1, p. 13-15, jan./jun., 1999.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2018.15.3.9

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)