As Fronteiras da Verdade em “O Navio Negreiro” / The Borders of the Truth in “The Slaver Ship”
Resumo
A “verdade” entre as lembranças que ocorreriam está para a poesia, assim como a documentação do que ocorreu está para a História. Entretanto, em ambas há fendas no discurso sobre seu objeto, ainda que na “verdade” se cunhe um fundamento filosófico no primeiro caso e, no segundo, que se assegure com documentação o que ocorreu e seus respectivos valores científicos. Focalizaremos como o olhar poético, ocasionalmente, discerne as fissuras que abalam a consistente configuração científica da histórica, com o levantamento de uma nova exegese, em perspectiva comparada do poema “Tragédia no Mar (O Navio Negreiro) ” para se debater o que é uma verdade histórica em cotejo com a verdade literária, através de avaliação interdisciplinar entre Literatura e fatos históricos. O elemento mnemônico adequando-se ao real. A linguagem mítica como uma verdade in illo tempore. A verdade poética é mais elevada do que a da História? A poética de Castro Alves através de dispositivos estilísticos e de formulações intertextuais em defesa de uma nova verdade sobre a bandeira brasileira.
Palavras-chave: Poesia. História. Mimese. Enunciação.
ABSTRACT
The “truth” among the memories that would occur is for poetry, just as the documentation of what has occurred is for history. However, in both there are slits in the discourse on its object, although in the "truth" a philosophical foundation is coined in the first case, and in the second, to ensure with documentation, what happened and their respective scientific values. We will observe on how the poetic gaze occasionally discerns the fissures that undermine the consistent scientific configuration of history, with the emergence of a new exegesis, in a comparative perspective, from the poem "Tragedy at the Sea (The Slaver Ship)" to discuss what is a historical truth in comparison with literary truth, through an interdisciplinary evaluation between Literature and historical facts. The mnemonic element is fitting to the real. The mythical language as a truth in illo tempore. Is the poetic truth higher than that of History? The poetry of Castro Alves through stylistic devices and intertextual formulations in defense of a new truth about the Brazilian flag. Keywords: Poetry. History. Mimesis. Enunciation.
Referências
ARISTOTE. Poétique. Texte Établi et traduit par J. Hardy. Paris : Les Blles Lettres. 1932.
ARISTÓTELES. ARTE RETÓRICA E ARTE POÉTICA. Trdução de Antônio P. de Carvalho. São Paulo: Difusão Europeia, 1964.
BAKHTIN, Mikail. Marxismo e Filosofia d Linguagem. Tradução de M. Lahud e Yara F. Vieira. São Paulo: Hucitec, 1986.
BARTHES, Roland et alii. Literatura e Semiologia.Tradução de Célia Neves Dourado. Petrópolis: Vozes,1972.
BENVENISTE, Émile. Problemas de Linguística II. c. 5 O Aparelho Formal da Enunciação. Tradução de Eduardo Guimarães et alii. Campinas, SP: Pontes, 2006.
CHEDIAK, Antônio José. Castro Alves Tragédia no Mar (O Navio Negreiro): Cotejo do Manuscrito com 63 textos integrais e cinco parciais, no total de 15998 versos. Rio de Janeiro: Coleção Afrânio Peixoto da Academia Brasileira de Letras, 2000.
CHEVALIER, J. & GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos.Trad. Vera da Costa e Silva et alii. Rio de Janeiro, José Olympio,1994.
CICÉRON. De l’orateur (De Oratore). Texte établi, traduit et annoté par François Richard. Paris : Ganier Frères, s/d.
DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de Linguística. Tradução de Frederico P. de Brros et alii. São Paulo: Cultrix, 1978.
E-DICIONÁRIO DE TERMOS LITERÁRIOS (EDTL), coord. de Carlos Ceia. Consultado em 01 de junho de 2018.
ERNOUT, A. et MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine - histoire des mots. Paris: Klincksieck, 1985.
GOMES, Eugênio. Castro Alves: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1980.
HUTCCHEON, Linda. Poética do Pós-Modernismo: história, teoria, ficção. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
KRISTEVA, Júlia. v. Barthes, Roland et alii.
MALERBA. Jurandir (Org.). História & Narrativa: a ciência e a arte da escrita histórica. Petrópolis: Vozes, 2016.
MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo, Cultrix, 1974.
___ e PAES, José Paulo. (Org.) Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1980.
PLATÃO. A República. Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1949.
SAUSSURE, Ferdinand de. Cours de Linguistique Générale. Publié par Charles Bally et Albert Sechehaye. Paris: Payot, Cinquème édition, 1962.
DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2018.15.6.12
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.
ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)