O Diagnóstico De Depressão Nas Cinco Edições Do DSM: A Hipertrofia Da Dimensão Orgânica Em Detrimento Dos Aspectos Psicossociais / The Diagnosis Of Depression Along The Five Editions Of DSM

Aluísio Ferreira de Lima, Camila de Sousa Ricarte, Antonio Airton Oliveira Rocha Filho, Francisco Diego Rabelo da Ponte

Resumo


RESUMO

Este artigo tem como objetivo discutir o desenvolvimento do diagnóstico da Depressão ao longo das 5 edições do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM), evidenciando a hipertrofia da dimensão orgânica em detrimento dos aspectos psicossociais como fator de psicopatologias. A escolha pelo diagnóstico da Depressão ocorreu devido às significativas mudanças sofridas em relação a sua descrição semiológica nos últimos 60 anos, ganhando atenção especial nas publicações mais recentes por adquirir uma variedade de características que abarcam qualquer fase de vida do sujeito. Foram analisados os quadros depressivos apresentados nos manuais, avaliando-os em seus respectivos contextos históricos e relacionando-os com o crescimento paralelo da indústria farmacêutica. Observou-se que a multiplicidade de categorias psicopatológicas contribui para a confusão entre os diagnósticos mentais e os problemas existenciais típicos da vida cotidiana. Características comportamentais compreendidas como passíveis de tratamento psiquiátrico-psicológico em um momento histórico podem ser destituídas desse status em outro momento. Como as alternativas de tratamento predominantemente derivam da natureza do diagnóstico, a intervenção aplicada a esses sujeitos centraliza-se em grande parte na prescrição e administração de psicofármacos, resultando no fenômeno da medicalização do sofrimento. Conclui-se que quanto mais a garantia do diagnóstico se consolida como sinônimo de uma compreensão mais consistente e adequada do sofrimento psíquico, mais se intensifica o estigma da identidade do doente mental, sinalizando a necessidade de fortalecimento de uma perspectiva crítica de saúde mental.

 

Palavras-chave: DSM, Depressão; Saúde Mental; Medicalização; Psicologia Social.

ABSTRACT

This article aims to discuss how the diagnosis of Depression has been developed along the 5 editions of Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), showing the hypertrophy of the organic dimension over the psychosocial aspects as psychopathology factor. The diagnosis of Depression has undergone significant changes regarding its semiologic description in the last 60 years, achieving particular attention in recent publications, for acquire a variety of features covering every phase of the subject’s life. The depression concept is evaluated considering the historical contexts and relating them to the parallel growth of the pharmaceutical industry. It was observed that the multiplicity of psychopathological categories contributes to the confusion between mental diagnosis and typical existential problems of everyday life. Behavioral traits understood as amendable to psychiatric and psychological treatment in a historical moment can be deprived of that status at another time. As the alternative treatment mainly comes from the nature of the diagnosis, the intervention applied to these individuals is centered largely on the prescription and administration of psychotropic drugs, resulting in the phenomenon of the medicalization of suffering/ misery. The conclusion drawn is that the more the establishment of diagnosis in itself is used as synonymous of a more consistent and proper understanding of psychological distress, the further is intensified the stigma of mentally ill's identity, which signals the need for strengthening a critical perspective on mental health.

Keywords: DSM, Depression; Mental Health; Medicalization; Social Psychology.

 


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