No Meio do Trabalho Tinha um Afeto, Tinha um Afeto no meio do Trabalho / There Was an Affection in the Middle of Work, There Was an Affection in the Middle of Work

Marta Evelin de Carvalho, Israel Rocha Brandão, Ivaldinete de Araújo Delmiro Gémes

Abstract


O morar e o trabalhar na mesma comunidade marca a singularidade do exercício da profissão do Agente Comunitário de Saúde, que, mesmo tirando a farda, não deixa de exercer o seu trabalho. Essa constante proximidade com o ambiente de trabalho afeta e é afetada por ele, produzindo efeitos positivos ou negativos na saúde do trabalhador. A pesquisa objetivou analisar a relação entre a afetividade e o ambiente de trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS) do município de Timon (MA), além de compreender o significado da afetividade e sua influência no desenvolvimento do trabalho do ACS; identificar os sentimentos e os afetos potencializadores ou despotencializadores atribuídos pelos ACS ao seu ambiente de trabalho. Os principais referenciais teóricos foram os estudos sobre trabalho, afetividade e psicologia ambiental. O Instrumento Gerador dos Mapas Afetivos e a entrevista em profundidade foram os procedimentos metodológicos utilizados para a coleta de dados, cuja análise foi realizada por meio da Análise de Conteúdo Categorial. Os sujeitos da pesquisa foram vinte e dois agentes comunitários de saúde, da zona urbana e rural. Os resultados permitiram identificar os significados e sentimentos atribuídos ao ambiente do trabalho; conhecer os afetos potencializadores ou despotencializadores, e compreender a relação existente entre a afetividade e o desempenho da ocupação profissional.

 

Palavras-chave: Afetividade. Trabalho. Atenção Básica.

 

ABSTRACT

 

The live and work in the same community marks the uniqueness of the profession of community health agent, even taking the uniform does not cease to exercise their work. This constant contact with the work environment affects and is affected by it, producing positive or negative effects on workers' health. The research sought to examine the relationship between affectivity and the working environment of community health workers in the city of Timon (MA), in addition to understanding the meaning of affectivity and its influence on the development of the community health workers; to identify the potentializing or de-potentializing feelings and affections attributed by the community health workers to their work environment. The main theoretical references were the studies on work, affectivity and environmental psychology. Generator Instrument of Affective maps and in-depth interviews were the methodological procedures used for data collection, whose analysis was done through Categorical Content Analysis. The study subjects were twenty-two community health workers, the urban and rural areas. The results identify the meanings and feelings attributed to the work environment, meet the augmentative or disempowering emotions and understand the relationship between affectivity and the performance of occupation.

 

Keywords:  Affectivity. Work. Basic Attention. 

References


AMABILE, T. M. Como (não) matar a criatividade. Revista HSM Management, São Paulo,1999

ÁVILA, M. M. M. O Programa de Agentes Comunitários de Saúde no Ceará: o caso de Uruburetama. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de janeiro, v.16, n.1, 2011.

BERTONCINI J. H. Da intenção ao gesto uma análise da implantação do Programa de Saúde da Família em Blumenau [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis: Departamento de Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina; 2000.

BORNSTEIN, V. J.; STOTZ, E. N. Concepções que integram a formação e o processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, 2008.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.

BRASIL. Lei n. 8080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial, 1990.

BRASIL. Casa Civil. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Brasília, Diário Oficial, 1990.

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria Executiva. Programa Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS. Brasília: CONASS, 2003

BRASIL. Ministério da Saúde, Política Nacional de Atenção Básica. Portaria nº 648 de 28 de março de 2006. Brasília, v. 143, n. 61, 2006.

BRASIL. Lei n 11.350 - de 5 de outubro de 2006. Regulamenta o § 5o do art. 198 da Constituição, dispõe sobre o aproveitamento de pessoal amparado pelo parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no 51, de 14 de fevereiro de 2006, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11350.htm. Acesso em 31/03/2016.

BRIEF, A. P; WEISS, H. M. Organizational Behavior: Affect in the Workplace. Annual Review of Psychology, 2002.

CAMPOS G. W. S. Subjetividade e administração de pessoal: considerações sobre modos de gerenciar o trabalho em equipes de saúde. In: Me rhy EE, Onocko RT (Org.). Agir em saúde um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 1997.

CHIESA, A. M., FRACOLLI, L. A.; SOUSA, M. F. Enfermeiros capacitados para atuar no programa Saúde da Família na cidade de São Paulo: relato de experiência. Saúde em Debate, São Paulo, 2004.

CLOT, Y. A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes, 2007.

CODO, W; GAZZOTTI, A. A. Trabalho e afetividade. In: CODO, W. (Coord.). Educação, carinho e trabalho. Petrópolis-RJ: Vozes, 1999.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de Psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez. 1992.

DEJOURS C, ABDOUCHELI E, J. C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.

DEJOURS, C. Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. Brasília: Paralelo 15, 2004.

EY, H., BERNARD, P; BRISSET, C. (1988). Manual de Psiquiatria. (5a ed.). Rio de Janeiro: Masson do Brasil.

FERREIRA, M. C; MENDES A. M. Só de pensar em vir trabalhar, já fico de mau humor: atividade de atendimento ao público e prazer-sofrimento no trabalho. Estudos de Psicologia, 6, 2001.

FIGUEIREDO, M; D; FURLAN, P. G. O subjetivo e o sociocultural na produção de saúde e autonomia. In: CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa; GUERRERO, André V. Pires (Org.). Manual de práticas de atenção básica: saúde ampliada e compartilhada. 2. ed. São Paulo: Aderaldo & Rothschild, 2010.

FRANCO, T. B.; MERHY, E. E. Programa de Saúde da Família (PSF): contradições de um programa destinado a mudanças no modelo tecnoassistencial. In: MERHY, E. E. et al. (Orgs.). O trabalho em saúde: olhando e experienciando o SUS no cotidiano. 4. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

FREEDHEIM, S. B. Porque menos sinos dobram no Ceará. O sucesso de um programa de agentes comunitários de saúde. Dissertação (Mestrado em Planejamento urbano). Massachusetts: ITM, jun. 1993.

HACKMAN, J. R.; OLDHAM, G. R. Development of the Job diagnostic survey. Journal of Applied Psychology, 1975.

KRECH, D.; CRUTCHFIELD, R. Elementos de Psicologia. 2. ed. São Paulo:

Pioneira, 1968. 2v

MENDES-GONÇALVES, R. B. Tecnologia e organização social das práticas de saúde. São Paulo: Hucitec, 1994.

MERHY, E. E., Saúde: A cartografia do trabalho Vivo; São Paulo, Hucitec, 2002.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, 2004.

MOSQUERA, J.; STOBÄUS, C. Afetividade: a manifestação de sentimentos na educação. Educação. Porto Alegre, ano 29, n. 58, 2006.

PINTO, F. E. M. As muitas faces da afetividade: um breve debate sobre o funcionamento psicológico do ser humano. Barbarói. Santa Cruz do Sul, n. 28, jan./jun. 2008.

PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. São Paulo: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social - CUT; Annablume, 1998.

RODRIGUES, L. V. B. P. Vidas nas ruas, corpos em percursos no cotidiano da cidade. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, 2004.

SANTOS, S. M. P. O lúdico na formação do educador. 5 ed. Vozes, Petrópolis, 2002.

SOUZA, F. A. Educação e saúde: a formação dos agentes comunitários de saúde no município de Duque de Caxias – RJ. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. 2010.

STACEY, R. D. Complexity and Creaativity in Organizations. San Francisco. Berret-Koehler Publishers, 1996.

TEIXEIRA, C. F; SOLLA, J. P. Modelo de atenção à saúde no SUS: trajetória do debate conceitual, situação atual, desafios e perspectivas. In: LIMA, Nísia Trindade; GERSHMAN, Silvia; EDLER, Flavio Coelho (Org.). Saúde e democracia: história e perspectivas do SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.

TOMAZ J. B. C. O agente comunitário de saúde não deve ser um “super-herói”. Interface Comum Saúde Educ., 2002.

VALLE, A. R. Afeto no trabalho: o que se discute na literatura nacional. Psicologia para América Latina, México, n. 3, fev. 2005.

WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.

ZANELLI, J. C.; BASTOS, A. V. B. Inserção profissional do psicólogo em organizações e no trabalho. In: ZANELLI, J.C; BORGES-¬‐ANDRADE, J. E, BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto alegre: Artmed, 2004.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2023.20.5.9

Refbacks

  • There are currently no refbacks.


Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.

ISSN 1806-6356 (Print) and 2317-2983 (Electronic)