Memória, Esquecimento e Imaginário: A Trama Entre Ficção e História em Nunca Fui Primeira Dama / Memory, Oblivion, Imaginary: Threading Fiction and history in "Nunca fui Primeira Dama"

Ana Lúcia Boessio, Otavio Botelho Rosa

Resumen


Situada numa Cuba pós-revolução, a obra de Wendy Guerra configura-se como um grande palimpsesto, um espaço fragmentado que se constitui a partir de um jogo entre memórias pessoais e fatos históricos, inclusive nomes verídicos da luta revolucionária cubana, mesclados a elementos e personagens da cultura cubana e internacional da época – trechos de poemas, de músicas, de livros, e até de supostos diários, os quais, através da trama ficcional, ganham voz e força de autenticidade. Através de seu alter ego, a autora-personagem-narradora,Nadia Guerra, se autodenomina uma “filha da pátria”, lutando por resgatar a própria identidade diluída em uma memória que se constitui, desconstitui e se reconstitui a partir de restos de memórias pessoais e coletivas, entre o passado e o presente de uma nação cuja representação ganha dimensões corpóreas: Nadia não apenas carrega suas memórias no próprio corpo, mas também as vê refletidas no corpo do Outro, fazendo da história seu cenário principal, ao mesmo tempo em que faz da memória subjetiva um espelho desvelador da sociedade, marcado sobretudo pelas opacidades do esquecimento e/ou da interdição. Sendo assim, optando por uma abordagem comparatista, e tendo como referencial teórico as obras de Paul Ricoeur, Jacques Le Goff e Michel Maffesoli, o objetivo deste trabalho é analisar o espaço da memória e do imaginário e sua inter-relação com a História na constituição da identidade de Nadia Guerra, entendida pelo vestígios da autora no texto, como seu alter ego.

                                               

Palavras-chave: Literatura. Memória. História. Cuba.

 

ABSTRACT

 

Located in a post revolution Cuba, the work by Wendy Guerrastands as a great palimpsest, a fragmented space intertwined by personal memories, historical facts – including true names from Cuban revolutionary army –, all threaded by elements and characters from Cuban culture of that time, such as fragments of poems, music, books, and even supposed diaries, which through the fictional construction gain voice and force of authenticity. Through her alter ego, the author-character-narrator, Nadia Guerra, defines herself as a “Nation’s daughter”, and struggles to rescue her own identity, diluted into a memory which constitutes, de-constitutes and reconstitutes itself through fragments of personal and collective memories, between past and present of a nation whose representation acquires corporeal dimensions: Nadia does not only carry her memories in her own body but also sees them reflected on the body of Others, turning history into her main scenario, turning at the same time subjective memory into a society’s unveiling mirror, marked mainly by the opacities of oblivion and/or interdiction. Therefore, from a comparative approach and having as theoretical reference the works by Paul Ricoeur, Jacques Le Goff and Michel Maffesoli, the aim of this paperis to analyze the space of memory and imaginary and its relation to history in the constitution of Nadia Guerra’s identity, understood as traces of the author’s presence in the text, as her alter ego.

 

Keywords: Literature. Memory. History. Cuba.


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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2017.14.1.2

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