RELAÇÕES DE TRABALHO, DESENVOLVIMENTO E RISCO AMBIENTAL NO VALE DO RIO DOS SINOS – BRASIL / DEVELOPMENT AND ENVIRONMENTAL RISK AT VALE DO RIO DOS SINOS - BRAZIL

João Alcione Sganderla Figueiredo, Margarete Nunes Fagundes, Norberto Kuhn Junior

Resumo


O presente artigo disserta sobre a migração de “indústrias sujas” no Brasil, influenciada principalmente pela globalização e pela divisão internacional do trabalho. O estudo se baseia no enfoque qualitativo-quantitativo, no caso da indústria de curtimento no Vale do Rio dos Sinos (Sul do Brasil). Como principais resultados, percebe-se que, por razões históricas e culturais, existem fatores que facilitam as atividades industriais de alto potencial poluidor na região pesquisada. As políticas públicas investiram e investem no desenfreado desenvolvimento industrial como principal estratégia de progresso. Por outro lado, a população goza destes benefícios sanando um dos males dos países subdesenvolvidos: a falta de emprego. O que existe é, principalmente, uma legitimação ou uma democratização dos prejuízos ambientais.

 

Palavras-chave: Globalização. Industrialização. Meio Ambiente. Risco. Trabalho.

 

ABSTRACT

This present article addresses the issue of dirty industry migration in Brazil, influenced mainly by globalization and the international division of labor. The study presented herein, using a qualitative and quantitative approach, focused on the tanning industry of the Rio dos Sinos Valley in Southern Brazil. One finds that, due to historical and cultural reasons, factors are still present that facilitate the conduction of industrial activities with a high pollution potential in this region. Public policies have invested (and continue to invest) in unbridled industrial development as a primary strategy for progress. On the other hand, the population reaps the benefits of this approach insofar as it addresses one of the banes of underdeveloped nations: unemployment. The overarching effect is a legitimation or democratization of environmental damage.

 

Keywords: Globalization. Industrialization. Environment. Risk. Labor.

Texto completo:

PDF

Referências


ASSOCIAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE CURTUMES DO RIO GRANDE DO SUL. Boletim Estatístico do Couro, 2007.

ALMEIDA, J. Da ideologia do progresso à idéia de desenvolvimento (rural) sustentável. In: ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z. (Org.). Reconstruindo a Agricultura: idéias e ideais na perspectiva de um desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1997. p. 33- 55.

BECK, U. et al. Las Consecuencias Perversas de la Modernidad. España: Editorial Anthropos, 1996.

BECK, U. et al. La reinvención de la política: hacía una teoría de la modernización reflexiva. In: GIDDENS, A.; BECK, U. & LASH, S: Modernización Reflexiva: política, tradición y estética en el orden social moderno. Madrid: Alianza, 1997.

BECK, U. et al. La Sociedad del Riesgo, hacia una Nueva Modernidad. Barcelona: Paidós Ibérica S.A. 1998a.

BECK, U. et al. ¿Qué es la globalización? Falacias del globalismo, respuestas a la globalización. Barcelona: Paidós Ibérica S.A., 1998b.

BECK, U. et al. Políticas ecológicas en la edad del riesgo. Antídotos. La irresponsabilidad organizada. Barcelona: Editoria El Roure, 1998c.

BECK, U. et al. Sociedade de risco. Folha de São Paulo, 23 de maio, p. 5, 1999.

BECK, U. et al. The brave new World of Work, Oxford: Polity Press, 2000.

BECK, U. et al. La Sociedad del Riesgo Global: Madrid: Siglo Veintiuno, 2002.

BRAGA, T. Belo Horizonte: desafios da dimensão ambiental nas políticas urbanas, 2001. Tese (Doutorado) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

BRAZILIAN LEATHER. Centro das Indústrias de Curtume do Brasil. Análise das exportações brasileiras de couros e peles ano de 2010. Disponível em: http://www.cicb.com.br/sobre-o-mercado-do-couro.php. Acesso em: 01 jun. 2011.

CAMPOS, S.H. A indústria de couros no Brasil: desempenho superior ao da indústria calçadista em 2006. 2006. Disponível em: http://www.fee.tche.br/sitefee/download/indicadores/34_02/6_parte.pdf. Acesso em: 01 jun. 2011.

CAMPOS, S. H. A Cadeia coureiro-calçadista no Brasil e no Rio Grande do Sul: desempenho e impactos da crise. 2009. Disponível em: http://revistas.fee.tche.br/index.php/indicadores/article/viewFile/2286/2651. Acesso em: 01 jun. 2011.

CARDOSO, F. H. Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional: O negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz E Terra, 1977.

DOUGLAS, M. Risk and blame: essays in cultural theory, London, New York: Routledge, 1992.

DRUCK, G.; FRANCO, T. A degradação do trabalho e os riscos industriais no contexto da globalização, reestruturação produtiva e das políticas neoliberais. In: FRANCO, T. (org.) Trabalho, Riscos Industriais e Meio Ambiente: rumo ao desenvolvimento sustentável? Salvador: EDUFBA, 1997, p. 15-32.

DRUCK, G.; FRANCO, T. Padrões de industrialização, riscos e meio ambiente. Ciência e Sociedade Coletiva. Rio de Janeiro: ABRASCO/FIOCRUZ, v 3, n. 2, p.61-72, 1998.

FERRAZ, C.; YOUNG, C. E. F. Trade liberalization and Industrial pollution in Brazil. Série medio ambiente y desarrollo. Chile: CEPAL/ECLAC, 1999.

FIGUEIREDO-SGANDERLA, J. A. ¿Indiferencia o necesidades insatisfechas?: la cuestión del riesgo tecnológico en “Vale do Rio dos Sinos”. 2008. Tese (Doutorado em Sociologia). Universidad Complutense de Madrid, Madrid, Espanha, 2008.

FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA DO RIO GRANDE DO SUL – FEE/RS. Disponível em:< http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/capa/index.php>. Acesso em: 10 jul. 2011.

GUIVANT, J. Conflitos e negociações nas políticas de controle ambiental: o caso da suinocultura em Santa Catarina. Ambiente & Sociedade, ano I, n.2. 1998a.

GUIVANT, J. A trajetória das análises de risco: da periferia ao centro da teoria social. BIB - Boletim Informativo Bibliográfico, ANPOCS, n.46, 1998b.

GUIVANT, J. Reflexividade na sociedade de risco: conflitos entre leigos e peritos sobre os agrotóxicos. In: Herculano, Selene. Qualidade de vida e riscos ambientais. Niterói: Editora da UFF, p. 281-303. 2000.

GUIVANT, J. A teoria da sociedade de risco de Ulrich Beck: entre o diagnóstico e a profecia. Revista Estudos Sociedade e Agricultura, n.16, p. 95-112, abril, 2001.

HOBSBAWM E. Era dos Extremos: o breve Século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras,1996.

INFORME SETORIAL BNDES. A Indústria de Curtumes no Brasil. Área industrial, nº 3., Out. 2007.

LARAÑA, E. Teoría y método en la investigación de la reflexividad y los riesgos tecnológicos. En: CRESPO y SOLDEVILLA (Eds.). La constitución social de la subjetividad. Madrid: Libros de la Catarata, 2001.

LUHMANN, N. Sociología del Riesgo. México: Universidad Iberoamericana, 1998.

MAGALHÃES, M. L. Entre a preteza e a brancura brilha o Cruzeiro do Sul: associativismo e identidade negra em uma localidade teuto-brasileira. 2010. Tese (Doutorado em História). UNISINOS, Programa de Pós-Graduação em História. São Leopoldo, 2010.

NABUCO, M. R. A reestruturação industrial e seus efeitos sobre a divisão internacional do trabalho. In: CARLEILAL, L.M., NABUCO, M. R. Transformações na divisão inter-regional do trabalho no Brasil. São Paulo:ANPEC, p.87-112. 1989.

NUNES, M. F. O Negro no Mundo Alemão: cidade, memória e ações afirmativas no tempo da globalização. 2009. 254 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social. Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Florianópolis, 2009.

PAULA, J. A. (Coord.) Biodiversidade, população e economia: uma região de Mata Atlântica, Belo Horizonte: UFMG/CEDEPLAR, 671p. 1997.

SACHS, I. Stratégies de l’eco- devéloppment. Paris: Ouvrieres,1980.

SACHS, I. Ecodesarrollo: desarrollo sin destrucción. México: El Colegio de México. 1982.

SACHS, I. Estratégias de transição para o século XXI. Desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel, 1993.

YOUNG, C. E. F. Industrial Pollution and Export-oriented Policies in Brazil. Revista Brasileira de Economia, v.52, n.4, p.543-562, 1998.

YOUNG, C. E. F. (coord.) Abertura comercial, competitividade e poluição: o comportamento da indústria brasileira. Relatório de pesquisa, CNPq, mimeo. 1999.

YOUNG, C. E. F. Pollution and international trade: an empirical analysis of the Brazilian export complex. Rio de Janeiro. Mimeo, 2000.

YOUNG, C. E. F.; LUSTOSA, M. C. J. Meio ambiente e competitividade da indústria brasileira. Revista de Economia contemporânea, Rio de Janeiro, v. 5, n. especial, p. 231-259, 2000.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)