Tipo e Tempo de Aleitamento e Influência no Sistema Estomatognático / Type and Time of Lactation and Influence in the Stomatognathic System

Julia Beatriz Zocatelli, Camila Lucht Batista, Sandra Soares Melo, Luciana Miranda da Silva de Souza, Andrielle de Bittencourt Pacheco Rubim

Resumo


Introdução: A amamentação propicia não só o contato físico entre mãe e bebê, mas também interfere no estado nutricional, imunológico e psicossocial da criança. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Assim como o desmame precoce, a amamentação artificial pode interferir negativamente sobre o desenvolvimento adequado do bebê, incluindo as estruturas e funções orofaciais. Objetivo: Avaliar o tipo e o tempo de aleitamento e sua influência no estado nutricional e no desenvolvimento funcional do sistema estomatognático. Metodologia: A amostra foi constituída por 25 crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 3 a 4 anos, internadas em um Hospital Infantil da cidade de Itajaí/SC. O estudo foi fragmentado em quatro etapas: análise de prontuário, aplicação de questionário semiestruturado, classificação do estado nutricional e, por fim, avaliação fonoaudiológica. Resultados: Não houve associação estatisticamente significativa entre o tipo e tempo de aleitamento com estado nutricional e alterações no sistema estomatognático. Entretanto, observou-se elevada frequência de crianças eutróficas amamentadas na primeira hora de vida e identificou-se normalidade para a variável mastigação, principalmente em crianças amamentadas exclusivamente e de forma complementada, com maior frequência de alteração nas crianças que receberam predominantemente aleitamento misto. Conclusão: Não houve associação significativa entre o tipo e tempo de amamentação e as variáveis estudadas. Tal fato pode ser atribuído ao desenvolvimento do sistema estomatognático apresentar origens multifatoriais. Sugerem-se pesquisas futuras de caráter longitudinal e com maior número de participantes.

 

Palavras-chaves: amamentação; sistema estomatognático; desenvolvimento.

 

ABSTRACT

 

Introduction: Breastfeeding not only provides physical contact between mother and baby, but also interferes with the child's nutritional, immunological and psychosocial status. The World Health Organization (WHO) recommends breastfeeding for two years or more, being exclusive in the first six months. As with precocious weaning, artificial breastfeeding can adversely interfere with the baby's proper development, including orofacial structures and functions. Objective: To evaluate the type and duration of lactation and its influence on the nutritional status and functional development of the stomatognathic system. Methodology: The sample consisted of 25 children of both sexes, aged 3 to 4 years, admitted to a Children's Hospital in the city of Itajaí / SC. The study was fragmented into four stages: chart analysis, semi-structured questionnaire application, nutritional status classification and, finally, speech-language assessment. Results: There was no statistically significant association between the type and time of lactation with nutritional status and changes in the stomatognathic system. However, a high frequency of breastfed eutrophic children was observed in the first hour of life, and normality was observed for the chewing variable, especially in exclusively breastfed children and in a supplemented form, with a higher frequency of alteration in children who received predominantly mixed breastfeeding. Conclusion: There was no significant association between the type and duration of breastfeeding and the variables studied. This fact can be attributed to the development of the stomatognathic system to present multifactorial origins. We suggest future longitudinal surveys with a larger number of participants.

 

Key words: Breastfeeding; Stomatognathic system; Development.


Palavras-chave


amamentação; sistema estomatognático; desenvolvimento.

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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/rsf.2019.6.1.4

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Revista Saúde em Foco N° 1/2014