A Cor do Parto: Desigualdades Socioeconômicas e Raciais ao Nascer - um Estudo com Base nos Dados da PAD-MG, em 2013 / The Color of Childbirth: Socioeconomic and Racial Inequalities at Birth - a Study Based on Data from PAD-MG, in 2013

Marina Penido Rabelo, Ana Paula Nogueira Nunes, Juliano Gonçalves Pereira, Geovane da Conceição Máximo

Resumo


 

Este artigo tem o objetivo de contribuir com a literatura e ampliar o conhecimento sobre a saúde reprodutiva da mulher negra. O referencial teórico usado neste artigo é aquele dedicado às temáticas da Saúde (MARTINS, 2006; PICOLI, 2017; FIORIO, 2007) e da Saúde da População Negra (BATISTA, 2005; WERNECK, 2003, 2016; OLIVEIRA, 2019; FAUSTINO, 2017). Foi realizado um estudo transversal descritivo e analítico, utilizando os dados da PAD-MG de 2013. Identificamos que as mulheres que tiveram filhos mais recentemente, aquelas com maior escolaridade e que realizaram o parto em locais conveniados ou particulares tiveram maiores chances de realizarem o parto cesáreo, e que mulheres que se autodeclararam de cor/raça negra ou parda, mesmo quando controlado pela educação formal e outras variáveis, tiveram uma menor chance de realizar o parto cesáreo. Ressaltamos a necessidade de avaliar com cautela esse achado. Dessa forma, vimos, mais uma vez, a relevância e a necessidade de estudarmos a variável cor/raça quando se trata da saúde das mulheres, para que a construção de políticas públicas possa ser mais eficaz e eficiente, o que continua a ser um desafio no sistema de saúde na contemporaneidade.

 

Palavras-chave: Racismo. Saúde da Mulher Negra. Estudo Epidemiológico. PAD

 

ABSTRAT

 

This article aims to contribute to a literature and expand knowledge about the reproductive health of black women. The theoretical framework used in this article is dedicated to Health (MARTINS, 2006; PICOLI, 2017; FIORIO, 2007) and Black Population Health (BATISTA, 2005, WERNECK, 2003, 2016; OLIVEIRA, 2019; FAUSTINO, 2017). This is a cross-sectional descriptive and analytical study, using data from the PAD-MG of 2013. Identified as women who had more recent children, those with more schooling and who performed or shared in private or private places with greater chances of carrying out or sharing cesarean and that women who automatically declared themselves as black color / race or even when controlled by formal education and other variables, had a lower chance of performing or cesarean. We emphasize the need to carefully assess this finding. Thus, we have seen, once again, the relevance and the need to study a color / race variable when the treatment of women's health for the construction of public policies can be more efficient and efficient, which remains a challenge in the health system today.

 


Key words: Racism. Black Women's Health. Epidemiological Study. PAD.

 


Palavras-chave


racismo; saúde da mulher negra; estudo epidemiológico; PAD

Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


BARATA, R. B. Como e por que as desigualdades fazem mal à saúde. Temas em Saúde collection. 120 p. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009. Disponível em: https://static.scielo.org/scielobooks/48z26/pdf/barata-9788575413913.pdf. Acesso em: 14 mar. 2020.

BRASIL, Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990. “Do Subsistema de Acompanhamento durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato". Diário oficial da união. Brasília, DF, 8 abr. 2015.

DINIZ, C. S. G et al. Desigualdades sociodemográficas e na assistência à maternidade entre puérperas no Sudeste do Brasil segundo cor da pele: dados do inquérito nacional Nascer no Brasil (2011-2012). Saúde soc., São Paulo, v. 25, n. 3, p. 561-572, Sept. 2016.

DOMINGUES, R. M. S. M. et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cadastro de Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 30, n. 1, Supl. 1, p. 101-116. 2014.

D'ORSI, E et al. Desigualdades sociais e satisfação das mulheres com o atendimento ao parto no Brasil: estudo nacional de base hospitalar. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 30, supl. 1, p. 154-168, 2014. Available from . access on 15 Apr. 2020. https://doi.org/10.1590/0102-311X00087813.

FAUSTINO, D. M. A universalização dos direitos e a promoção da equidade: o caso da saúde da população negra. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro v. 22, n. 12, p. 3831-3840, dez. 2017.

KALCKMANN, S. S.; BATISTA, C. G. Racismo institucional: um desafio para equidade do SUS? Saúde e Sociedade. São Paulo. v.16, n.2, p.146-155, 2007. Available from . access on 15 Apr. 2020. https://doi.org/10.1590/S0104-12902007000200014.

MADEIRO, A.; RUFINO, A. C.; SANTOS, A. O. Partos cesáreos no Piauí: tendência e fatores associados no período 2001-2011. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, v. 26, n.1, p. 81-90, mar. 2017.

MANDARINO, N. R et al. Aspectos relacionados à escolha do tipo de parto: um estudo comparativo entre uma maternidade pública e outra privada, em São Luís, Maranhão, Brasil. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 25, n. 7, p. 1587-1596, jul. 2009.

MARTINS, A. L. Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, p. 2473-2479, Nov. 2006. Available from . access on 15 Apr. 2020. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006001100022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASIL, 2009. Institui a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Portaria 992/GM. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt0992_13_05_2009.html. Acesso em 14 abr. 2020.

MINISTÉRIO DA SAÚDE, BRASIL, 2015. “Diretrizes de atenção à gestante: A Operação cesariana. Comissão Internacional de Incorporação de Tecnologias no SUS”. CONITEC, n. 176. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2016/Relatorio_Diretrizes_Cesariana_final.pdf Acesso em: 11 abr. 2020.

MOREIRA, A. I. M.; SOUSA, P. R. M.; SARNO, F. Low birth weight and its associated factors. Einstein. São Paulo. v. 16, n. 4, p. 1-6, nov. 2018.

OLIVEIRA, B. M. C; KUBIAK, F. Racismo institucional e a saúde da mulher negra: uma análise da produção científica brasileira. Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. 122, p. 939-948, set. 2019. Disponível em . acessos em 15 abr. 2020. Epub 25-Nov-2019. https://doi.org/10.1590/0103-1104201912222.

OLIVEIRA, R.R. et al. Fatores associados ao parto cesáreo nos sistemas públicos e privados de atenção à saúde. Ver. da Esc. de Enferm. São Paulo, v. 50, n. 5, p. 734-741, jul. 2016.

OLIVEIRA, R. R et al. The growing trend of moderate preterm births: an ecological study in one region of Brazil. PLos One. França. v. 10, n. 11, p. 1-11, nov. 2015.

PICOLI, R. P; CAZOLA, L. H. O; LEMOS, E. F. Mortalidade materna segundo raça/cor, em Mato Grosso do Sul, Brasil, de 2010 a 2015. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, v. 17, n. 4, p. 729-737, Dec. 2017.

TAVARES, N. O.; OLIVEIRA L. V.; LAGES, S. R. C. A percepção dos psicólogos sobre o racismo institucional da saúde pública. Saúde debate. Rio de Janeiro. v. 37, n. 99, p. 580-587, dez. 2013

TRAVASSOS, C.; MARTINS, M. Uma revisão sobre os conceitos de acesso e utilização de serviços de saúde. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro. v. 20, n.1, Supl. 2, p. 190-198. 2004.

VALE, L. D. Preferência e fatores associados ao tipo de parto entre puérperas de uma maternidade pública. Rev. Gaúcha Enferm. Porto Alegre, v. 36, n. 3, p. 86-92, set. 2015.

VILLAR, J et al. Maternal and neonatal individual risks and benefits associated with caesarean delivery: multicentre prospective study. BMJ. [online]. p. 335-1025 nov. 2007. Disponível em: https://www.bmj.com/content/bmj/early/2006/12/31/bmj.39363.706956.55.full.pdf. Acesso em: 29 jan 2020.

WERNECK, J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde soc., São Paulo, v. 25, n. 3, p. 535-549, set. 2016 .

WERNECK, J. A era da inocência acabou, já foi tarde. In. Racismos Contemporâneos/organização Ashoka Empreendimentos Sociais e Takano Cidadania. Rio de Janeiro: Takano ed., 2003.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/rsf.2020.7.2.6

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Revista Saúde em Foco N° 1/2014