A Polifarmácia no Público Idoso: Perigos, Tendências e Conflitos de Interesse / Polypharmacy in the Elderly Public: Dangers, Trends and Conflicts of Interest

Cléia Ribeiro Santos Corrêa, Lays Socorro Ramos, Thalita Marques da Silva, Letícia Andrade Leal, Danielle Brandão de Melo, Lidiane Ruiz Tonon, Yula de Lima Merola

Resumo


Os idosos figuram como os indivíduos mais polimedicados do mundo por questões biopsicossociais. Estima-se que em 2025 existirão aproximadamente 1,2 bilhão de pessoas com mais de 60 anos, e em 2050 os idosos representarão 22,71% da população total. No Brasil, até 2025, 15% da população será idosa. O objetivo deste artigo foi abordar os perigos, tendências e conflitos de interesse que envolvem a polimedicação em idosos. Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura feita em bases científicas como o Google acadêmico, no período de 2016 a 2020, nos idiomas Português, Inglês ou Espanhol. Os achados na literatura científica comprovam que quanto maior a idade, maior a vulnerabilidade biopsicossocial, em relação às doenças crônicas não transmissíveis, excesso de massa gorda, sedentarismo e distúrbios psicológicos, principalmente estresse e ansiedade. Todos esses fatores, somados ao empenho em fidelizar clientes mediante a criação da necessidade de consumo da indústria farmacêutica e seus representantes, levam os prescritores a receitarem dois ou mais medicamentos ao público idoso, muitas vezes irracional, reduzindo assim a qualidade de vida dos pacientes e elevando gastos em saúde pública. Assim, uma terapêutica farmacológica clínica e racional diminui o quantitativo de medicamentos utilizados de forma segura, eficiente e eficaz, o que reduz os efeitos colaterais e os riscos de interações medicamentosas, de reações adversas, os custos, outrossim aumenta a qualidade de vida dos idosos. Essa terapêutica racional poderá ocorrer mediante uma atenção farmacêutica adequada, sendo o farmacêutico, no âmbito macro da assistência farmacêutica, norteador desse processo.

 

Palavras-Chave: Saúde do Idoso. Polimedicação. Uso Racional de Medicamentos. Doenças Crônicas não Transmissíveis. Assistência Farmacêutica.

 

ABSTRACT

 

 The elderly are the most polymedicated owners in the world for biopsychosocial reasons. It is estimated that in 2025 there will be approximately 1.2 billion people over the age of 60, and in 2050 the elderly represent 22.71% of the total population. In Brazil, by 2025 15% of the population will be elderly. The aim of the article was to address the dangers of these trends and conflicts of interest that involve polymedication in the elderly. This is a systematic literature review study carried out on scientific bases such as Google academic, in the period from 2016 to 2020, in Portuguese, English or Spanish. The findings in the scientific literature prove that the older the age, the greater the biopsychosocial vulnerability, in relation to chronic non-communicable diseases, excess fat mass, physical inactivity and psychological disorders, especially stress and anxiety. All of these factors, added to the commitment to retain customers by creating the need for consumption by the pharmaceutical industry and its representatives, lead prescribers to prescribe two or more medications to the elderly, often irrational public, as well as the quality of life of patients and increasing public health spending. Thus, a clinical and rational pharmacological therapy, the quantity of drugs used safely, efficiently and effectively, which reduces the effects caused and the risks of drug interactions, adverse reactions, costs, and also increases the quality of life of the elderly. This rational therapy can take place through adequate pharmaceutical care, with the pharmacist, in the scope of pharmaceutical assistance, guiding this process.

 

Keyworlds: Health of the Elderly. Polymedication. Rational use of Medicines. Chronic Noncommunicable Diseases. Pharmaceutical Care.

 


Palavras-chave


Saúde do idoso; Polimedicação; Uso racional de medicamentos; Doenças Crônicas Não Transmissíveis; Assistência Farmacêutica.

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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/rsf.2020.7.3.5

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Revista Saúde em Foco N° 1/2014