Humanização da Morte e o Morrer na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: Percepção dos Enfermeiros / Humanization of Death and Dying in the Neonatal Intensive Care Unit: Nurses' Perception
Resumo
No ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) o processo de morte e morrer é uma realidade, sendo necessária uma equipe preparada para lidar com este evento, primando por um cuidado humanizado. O objetivo geral deste estudo foi conhecer a percepção dos enfermeiros sobre a existência do processo de humanização da morte e o morrer no ambiente da UTIN. Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Participaram deste estudo 9 enfermeiras atuantes na Região Metropolitana de Porto Alegre selecionadas de forma intencional, considerando os critérios de inclusão e exclusão. As entrevistas foram realizadas no mês janeiro de 2024, sendo respeitada a Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com o parecer número 71417623.6.0000.5348. A análise das informações foi por meio dos pressupostos de Bardin, sendo os resultados classificados em duas categorias, sendo elas: A equipe e suas dificuldades; Ações Humanizadas ao Trinômio. Os resultados indicam que a equipe de enfermagem da UTIN encontra-se muitas vezes despreparada para o enfrentamento da morte e o morrer, existindo ainda tabus e medo em tratar o assunto, apesar de já haver alguma evolução. Entendem a necessidade do cuidado humanizado e praticam algumas ações específicas apesar das dificuldades. Aspectos culturais, emocionais, institucionais e formação acadêmica influenciam este processo. Evidencia-se um potencial para a adoção de estratégias que venham beneficiar a equipe, o recém-nascido e sua família para uma qualidade assistencial de excelência.
Palavras-chave
Referências
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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/rsf.2023.10.2.1
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Revista Saúde em Foco N° 1/2014