Do Caipira Apaixonado ao Sertanejo Universitário: Uma Análise do Discurso / From Passionate Hick to University Country: A Discourse Analysis

Cassiano de Andrade Ferreira, Lucas Notini, Rafaella Cristina Campos, Marco Antonio Villarta-Neder

Resumo


O presente artigo analisa as transformações do discurso utilizado nas letras das músicas sertanejas ao longo das últimas décadas. De modo geral, faz-se uma comparação entre o discurso observado nas músicas sertanejas das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990 e as músicas sertanejas do final dos anos 2000 e 2010. A metodologia do trabalho está fundamentada na Análise Crítica do Discurso (ACD) contida nas letras das canções sertanejas escritas nos dois períodos de tempo pré-estabelecidos. Observou-se uma mudança colossal nas composições musicais do gênero sertanejo nas últimas décadas. Enquanto as canções dos anos 1960, 1970, 1980 e 1990 se referiam ao homem do campo como um ser apaixonado, pela sua terra e por sua família, especialmente a sua “amada”, e que, apesar de ter se mudado para a cidade, nunca esqueceu a sua vida no campo, da qual sente saudades; o homem do campo retratado nas músicas dos anos 2000 e 2010 passou de sitiante despojado a fazendeiro afortunado, frequentador de baladas. A zona rural se tornou um lugar bem diferente do que era retratado nas músicas sertanejas das décadas anteriores. Agora a roça tem internet, picapes e carro importado.

 

Palavras chave: Música Sertaneja. Êxodo Rural. Análise Crítica do Discurso.

 

ABSTRACT

 

This article analyzes the transformation of speech used in the lyrics of country songs over the past decades. In general, it is a comparison between the speech observed in country songs from the 1960s, 1970s, 1980s and 1990s and the country songs of the years 2000 and 2010. The methodology of work is based on the critical discourse analysis contained in the lyrics of songs sertanejas written in both periods of pre-set time. There was a colossal change in musical compositions of backcountry genre in recent decades. While the songs of the 1960s,1970s, 1980s and 1990s referred to the man of the field as a being in love for his land and his family, especially his "beloved", and that, despite having moved to the city, never forgotten of his life in the field, which misses; the farmer portrayed in the songs of the 2000s and 2010 went from employee stripped the farmer goer ballads. The countryside has become a very different place than it was portrayed in country songs from previous decades. Now the farm has internet, pickup trucks and imported car.

 

Keywords: Country Music. Rural Exodus. Critical Discourse Analysis. 


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


ALONSO, G. Cowboys do Asfalto: Música Sertaneja e Modernização Brasileira. Niterói – RJ, 2011.

ARCOVERDE, D. Quais são os gêneros musicais mais populares no Brasil? Netshow.me (blog). Disponível em: < https://netshow.me/blog/quais-sao-os-generos-musicais-mais-populares-brasil/ > Acessado em: 18 de agosto de 2016.

CALDAS, W. O Que é Música Sertaneja. São Paulo. Brasiliense, 1987.

DINIZ, A. C. P.; SOARES, T.; “Ai Se Eu te Pego” é o novo “Mamãe Eu Quero”: Carmen Miranda e Michel Teló como “cicerones” da identidade brasileira. XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste – Recife - PE – 14 a 16/06/2012.

FAIRCLOUGH, N; MELO, I. F. Análise crítica do discurso como método em pesquisa social científica. Linha d'Água, v. 25, n. 2, p. 307-329, 2012.

FAUSTINO, J. C. A moda de viola e a epopeia caipira: a música enquanto literatura dos povos iletrados. XII Congresso Internacional da ABRALIC. UFPR – Curitiba, Brasil. 18 a 22 de julho de 2011

FISHER, C. D. Happiness at work. International Journal of Management Reviews, 12, 384-412, 2010.

FRANCO, D. Caboclo na cidade. Disco: Rancho da Paz. Dino Franco & Mouraí, 1982.

Gil, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. Atlas, São Paulo, 1999.

GUTEMBERG, J. S. No Limiar entre a Música Sertaneja e a Música Caipira: o perfil da dupla Zé Fortuna e Pitangueira na vertente moderna da música sertaneja. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011.

HOBBES, T. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. In Os pensadores. Tradução de: João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural - 1983.

ILARI, B. S. Música, comportamento social e relações interpessoais. Psicologia em Estudo, 11(1), 191-198, 2006.

LETRAS.MUS. Nóis é Caubói. Disponível em: < https://www.letras.mus.br/cesar-e-paulinho/800283/ > Acessado em: 19 de agosto de 2016.

LIMA, A. C. C. Responsabilidade Social Empresarial e Stakeholders Vulneráveis: um estudo de caso sobre a Usina Hidrelétrica do Funil na visão de atingidos. 2015. 128f. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Lavras - 2015.

MENDES, F. F. B. Música Sertaneja De Raiz: A força por trás de uma tradição. Curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV. Viçosa – MG, 2009.

PIMENTEL, C. E; DONNELLY, E. D. O. P. A relação da preferência musical com os cinco grandes fatores da personalidade. Psicologia ciência e profissão, v. 28, n. 4, p. 696-713, 2008.

NOGUEIRA, L. “O sertanejo universitário repetiu de ano”, dizem Zezé di Camargo e Luciano. Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL847946-7085,00- +SERTANEJO+UNIVERSITARIO+REPETIU+DE+ANO+DIZEM+ZEZE+DI+CAMARGO+E+LUCIANO.html > Acessado em 15 de agosto de 2016.

PIUNTI, A. Saudade da minha terra. UOL entretenimento música. Disponível em: Acessado em: 19 de agosto de 2016.

REIS, V.; MACHADO, V. F. Meu reino encantado. Disco: Meu reino encantado. Lourenço & Lourival, 1994.

RODRIGUES, I.; LAIGNIER, P.; BARBOSA, M. Da Viola Ao Teclado: Uma Análise da Transição da Música Sertaneja da Década de 80 até os Dias Atuais. XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Ouro Preto - MG – 28 a 30/06/2012.

SANTOS, D. O. “A Música Sertaneja é a que eu mais gosto!”: Um estudo sobre a construção do gosto a partir das relações entre jovens estudantes de Itumbiara – GO e o Sertanejo Universitário. UFU, Uberlândia, 2012.

SENA, M. F. G; GOMES, N.S. ANÁLISE ESTILÍSTICA DO" SERTANEJO UNIVERSITÁRIO. Revista Philologus, Rio de Janeiro, ano, v. 19, p. 216-224, 2013.

SEREM, L. G. Gosto, Música e Juventude: Uma pesquisa exploratória com grupos de alunos da rede pública e privada de ensino de Araraquara. Dissertação (Mestrado) – UNESP, Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, Araraquara, 2009.

SERRA, A.; CAMPOS, A. Chitãozinho e Xororó. Disco: Retrato do meu sertão. Sérgio Reis, 1976.

SILVA, C. R.; GOBBI, B. C.; SIMÃO, A. A. O uso da análise de conteúdo como uma ferramenta para a pesquisa qualitativa: descrição e aplicação do método. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005.

SILVA, G. C. Saudades da minha terra. Disco: Saudades da minha terra. Belmonte & Amaraí, 1967.

VIOLA SHOW. O sertanejo universitário e a sua história. Disponível em: < http://www.violashow.com.br/noticias/cultura/2013/08/01/o-sertanejo-universitario-e-sua-historia.html#.V7iHHpgrLIU >. Acessado em 19 de Agosto de 2016.

ZAN, JOSÉ ROBERTO. Música popular brasileira, indústria cultural e identidade. EccoS Revista Científica, vol. 3, Universidade Nove de Julho - São Paulo, Brasil, pp. 105-122, 1, junho 2001.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2020.17.1.12

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)