Da Política Nativa à Política Formal: A Capoeira Angola Teresinense e o Valor da Ocupação do Espaço Público / From Native Politics to Formal Politics: Capoeira Angola from Teresina and the Value of Occupying Public Space

Childer Nataniel Pereira Silva, Celso Brito

Resumo


O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de construção identitária do coletivo de Capoeira Angola Domingos de Angola, da cidade de Teresina-PI, e a busca de reconhecimento pelo seu líder no cenário local. O campo em que o coletivo analisado está situado é formado por grupos de capoeira que seguem distintas vertentes da prática. Dentre os “valores” ou “fundamentos” mobilizados pelo coletivo com vistas à legitimação de sua prática, focamos na ocupação de espaços públicos, sobretudo do Parque da Cidade de Teresina. Para realizar esta análise, mantemos em mente a noção de segmentaridade (GOLDMAN, 2001) e adotamos o método etnográfico. Conclui-se que os novos valores inseridos no processo político nativo dos capoeiristas de Teresina fazem com que a questão do uso do espaço público seja redirecionada à esfera da política formal, enquanto uma reivindicação do “direito à cidade” (LEFEVBRE, 1969).

 

Palavras-chave: Capoeira Angola. Espaço Público. Política Nativa.

ABSTRACT

 

The present work aims to analyze the process of identity construction of a Capoeira Angola teresinense collective called Domingos de Angola and the consequent search for recognition by its leader on the local scene. The field in which the collective analyzed is located is formed by groups of Capoeira that follow different aspects such as Capoeira Regional, Contemporânea and Angola from Bahia. Among the “values” or “foundations” mobilized by the collective with a view to legitimizing their practice, we will focus on the "occupation of public spaces", above all, of the Parque da Cidade de Teresina. To carry out this analysis, we will keep in mind the notion of “segmentarity” (GOLDMAN, 2001), as well as we will follow the ethnographic method. It is concluded that the new values inserted in the native political process of capoeiristas from Teresina.

 

Keywords: Capoeira Angola. Public Place. Native Politics.


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


AGIER, M. Do direito à cidade ao fazer cidade. Mana, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 483-498, 2015.

ARAÚJO, R. C. Iê viva meu mestre: a Capoeira Angola da “escola pastiniana” como práxis educativa. 2004. 236 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, 2004.

AUETU! A Capoeira no Fio da Navalha. Direção: André Silvério. Produção: Zé Pedro. Santo André: Cadência Filmes, 2014. 1 vídeo (59 min). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DcqTrD5hUUo. Acesso em: 22 abr. 2020.

BARTH, F. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contracapa, 2000.

BRITO, C. de. A roda do mundo: a Capoeira Angola em tempos de globalização. Curitiba: Appris, 2017.

BRASIL. Ministério da Cultura. IPHAN. Inventário para registro e salvaguarda da capoeira como patrimônio cultural do Brasil. Dossiê. Brasília: IPHAN, 2007. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossiê_capoeira.pdf. Acesso em: 22 abr. 2020.

DAMATTA, R. A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DUMONT, L. Introdução. In: Homo hierarchicus: o sistema das castas e suas implicações. São Paulo: EdUSP, 1997. p. 66.

FRIGERIO, A. Capoeira: de arte negra a esporte branco. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 4, n.10, p. 1-20, 1989.

GOLDMAN, M. Introdução: memorial da cultura negra em Ilhéus. In: Como funciona a democracia: uma teoria etnográfica da política. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. p. 28-57.

GOLDMAN, M. Segmentaridades e movimentos negros nas eleições de Ilhéus. Mana: Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 57-93, 2001.

LEITE, R. P. Contra-usos e espaço público: notas sobre a construção social dos lugares na Manguetown. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 116-134, 2002.

LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Documentos, 1969.

MAUSS, M. Sociologia e Antropologia. In: Ensaio sobre a dádiva. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

NASCIMENTO, R.; MONTEIRO, I. Capoeira, cidade e cultura: notas etnográficas sobre ocupações criativas em Fortaleza-CE. O público e o privado, Fortaleza, n. 29, p. 55-71, 2017.

RADCLIFFE-BROWN, A. R. Sobre a estrutura social. In: Estrutura e função na sociedade primitiva. Petrópolis: Editora Vozes, 1973. p. 245.

REIS, L. V. de S. O jogo de identidades na roda de Capoeira paulistana. Ponto Urbe, São Paulo, n. 13, p. 1-11, 2013.

SILVA, C. N. P. Capoeira e Fisioterapia: a construção dos “coletivos” do Parque da Cidade e do espaço Viva Clínica. 2020. 100 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, 2020.

SILVA, R. C.; CALAND, Tamara da .C.S. A inserção, atuação e permanência da mulher nos grupos de capoeira de Teresina: notas etnográficas. Revista FSA (Faculdade Santo Agostinho), v. 06, p. 93-104, 2009.

SILVA, C. R. Capoeira: o preconceito ainda existe. Teresina: Armazém Digital, 2008.

SOUZA, L. Taxação da roda de capoeira no Parque Vicentina Aranha, SJC. Change.org, 2018. Disponível em: https://bit.ly/2ReSOzZ. Acesso em: 22 abr. 2020.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2020.17.8.3

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)