Entre a Autobiografia e a Autoficção: Uma Leitura de Os Anos, de Annie Ernaux / Between Autobiography and Autofiction: A Reading of The Years, by Annie Ernaux

Fernanda Meireles Mendes, Leonardo Pinto de Almeida

Resumo


Este trabalho tem como objetivo analisar a confluência entre a autobiografia e a autoficção na obra Os Anos, de Annie Ernaux. Inicialmente, apresenta-se a origem da autobiografia, seguida da discussão sobre o pacto autobiográfico delineado por Lejeune.  Na sequência, traça-se um panorama sobre a origem e características da autoficção. Posteriormente, são destacadas as aproximações e diferenças entre os dois gêneros. Essa investigação teórica permite constatar que a obra Os Anos pode ser situada em um entre-lugar entre a autobiografia e a autoficção. Fundamentam este estudo os trabalhos de Barthes (2004), Gasparini (2014), Gusdorf (1991), Lejeune (2008), Genette (2007), Benveniste (1976), Bakhtin (2016; 2023), Hutcheon (1991), Faedrich (2015; 2022), entre outros.

 

Palavras-chave: Autobiografia. Autoficção. Os Anos.

 

ABSTRACT

 

This work aims to analyze the confluence between autobiography and autofiction in Annie Ernaux work The Years. Initially, the origin of autobiography is presented, followed by a discussion of the autobiographical pact outlined by Lejeune. Next, an overview of the origin and characteristics of autofiction is outlined. Subsequently, the similarities and differences between the two genres are highlighted. This theoretical investigation allows us to conclude that The Years can be situated in a place between autobiography and autofiction. This study is based on the works of Barthes (2004), Gasparini (2014), Gusdorf (1991), Lejeune (2008), Genette (2007), Benveniste (1976), Bakhtin (2016; 2023), Hutcheon (1991), Faedrich (2015; 2022), among others.

 

Keywords: Autobiography. Autofiction. The Years.

 


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


BAKHTIN, Mikhail, O autor e a personagem na atividade estética. São Paulo: Editora 34, 2023.

__________________. Os gêneros do discurso. São Paulo: Editora 34, 2016.

BARTHES, Roland. O rumor da língua. Trad. Mário Laranjeira. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

BENVENISTE, Émile. Problemas da linguística geral. Tradução: Maria da Glória Novak e Luíza Neri. São Paulo: Editora Nacional da Universidade de São Paulo, 1976.

CANDAU, Joël. Memória e identidade. Tradução de Maria Leticia Ferreira. São Paulo: Contexto, 2012.

COLONNA, Vicent. Tipologia da autoficção. In: NORONHA, Jovita Maria Gerheim (org.). Ensaios sobre a autoficção. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014 p. 39-66.

DOUBROVSKY, Serge. “O último eu”. In: NORONHA, Jovita Maria Gerheim (org.). Ensaios sobre a autoficção. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, 111- 125.

ERNAUX, Annie. Les Années. Paris: Folio, 2008.

ERNAUX, Annie. Os Anos. Trad. Marília Garcia. São Paulo: Fósforo, 2021.

___________________. A escrita como faca e outros textos. Trad. Mariana Delfini. São Paulo: Fósforo, 2022.

FAEDRICH, Anna. O conceito de autoficção: demarcações partir da literatura brasileira. In: Itinerários, Araraquara, n. 40, p.45-60, jan./jun. 2015.

___________________. Teorias da autoficção. Rio de Janeiro: Eduerj, 2022.

FIGUEIREDO, Eurídice. Autoficção feminina: A mulher nua diante do espelho. In: Revista Criação e crítica, n.4, abr / 2010.

___________________. A nebulosa do (auto) biográfico. Porto Alegre: Zouk, 2022.

GASPARINI, Philippe. “Autoficção é nome de quê?”. In: NO|RONHA, Jovita, Maria Gerheim

(Org.). Ensaios sobre a autoficção. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 181-221.

GOMES, Angela de Castro. Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

GUSDORF, Georges. “Condiciones y límites de la autobiografia”. In: DOBARRO, Ángel Nogueira. Suplemento Anthropos. n. 29. Barcelona: Espanha, 1991, p. 9-18.

HUTCHEON, Linda. Poética do Pós-modernismo história, teoria e ficção. Tradução Ricardo Cmz. - Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991.

LEENHARDT, Jacques; PESAVENTO, Sandra Janahy. Discurso Histórico e Narrativa Literária. Campinas: Editora da Unicamp, 1998.

LECARME, Jacques. “Autoficção: um mau gênero?”. In: NORONHA, Jovita Maria Gerheim (org.). Ensaios sobre a autoficção. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 67-110.

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico - de Rousseau à internet. Trad. Jovita Maria Gerheim Noronha e Maria Inês Coimbra Guedes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

MAY, G. L’autobiographie. Paris: PUF, 1979.

NASCIMENTO, E. Da autobiografia à autoficção: alterficções. Revista Matraga. Rio de Janeiro: EURJ, v. 24, n42, set/dez 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.12957/matraga.2017.31606. Acesso em: 08/11/2024.

NASCIMENTO, E. Entrevista. In: FAEDRICH, Anna. Autoficções: do conceito teórico à prática na literatura brasileira contemporânea. 2014. 251 f. Tese (Doutorado em Teoria da Literatura) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. p. 218-224.

SILVA, V. M de A. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina, 2007.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2025.22.10.7

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)