Inserções de Paulo Freire em Estudos de Gestão em uma Perspectiva Decolonial / Inserts by Paulo Freire in Management Studies from a Decolonial Perspective

Rita de Cassia Ribeiro Coelho, Josir Simeone Gomes

Resumen


O presente artigo examina o diálogo estabelecido entre apontamentos de Paulo Freire e estudos da área de gestão à luz de uma perspectiva decolonial. Com o objetivo de analisar a abordagem de Paulo Freire em publicações no campo da Administração, em uma perspectiva sinalizada pelos estudos decoloniais, realizou-se um estudo de natureza qualitativa e caráter exploratório, procedendo à revisão de literatura como pesquisa. Nos quatro artigos tomados como amostra, sobressaíram-se discussões sobre a necessidade de apropriação dialógica da realidade como via de superação da acomodação; auto-organização e cooperação. Conclui-se que ambas perspectivas epistemológicas imbricam-se na denúncia das facetas da opressão e subalternidade e no anúncio de narrativas identitárias, de recuperação de histórias locais e transposição de suas contradições num processo de promoção de emancipação social e justiça cognitiva.

 

Palavras-chave: Paulo Freire. Decolonialidade. Estudos Decoloniais. Estudos de Gestão.

 

 

 

ABSTRACT

 

This article examines the dialogue established between Paulo Freire's notes and management studies from a decolonial perspective. The objective is to analyze Paulo Freire's approach in publications in the field of Administration in a perspective signaled by decolonial studies. A qualitative and exploratory study with a literature review was carried out. In the four articles taken as a sample, was found discussions about the need for dialogical appropriation of reality as a way to overcome accommodation; self-organization and cooperation. It is concluded that both epistemological perspectives overlap in denouncing the facets of oppression and subalternity and in the announcement of identity narratives, recovery of local histories and transposition of its contradictions in a process of promoting social emancipation and cognitive justice.

 

Keywords: Paulo Freire. Decoloniality. Decolonial Studies. Management Studies.


Referencias


ANDRADE, L. F. S.; ALCÂNTARA, V. de C.; PEREIRA, J. R. Comunicação que constitui e transforma os sujeitos: agir comunicativo em Jürgen Habermas, ação dialógica em Paulo Freire e os estudos organizacionais. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 12-24, jan./mar. 2019. Disponível em .

ARAÚJO FREIRE. Inédito viável. In: STRECK, D. R.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Ed.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p.231-234, 2008.

BALLESTRIN, L. M. de A. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 60, n. 2, p. 505-540, 2017. Disponível em .

BÉHAR, A. H.; FERREIRA, L. F. V. de M. O que a perspectiva de Paulo Freire sobre processos educacionais tem a contribuir para as organizações que aprendem? Revista de Administração da Unime, Bahia, v. 8, p. 45-53, 2014. Disponível em

BEISIEGEL, C. de R. Política e educação popular: a teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil. Brasília: Líber Livros, 2008.

BELLO, E. O pensamento descolonial e o modelo de cidadania do novo constitucionalismo latino americano. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, São Leopoldo, v. 7, n. 1, p. 50-61, 2015. Disponível em .

BHARDWAJ, P. et al. When and how is corporate social responsibility profitable? Journal of Business Research, v. 84, p. 206-219, 2018. Disponível em .

CARMO, L. J. O.; GOMES JUNIOR, A. B.; GOMES, P. A.; ASSIS, L. B. de. Paulo Freire, ergologia e os discursos do empreendedorismo. RPCA – Revista Pensamento Contemporâneo em Educação, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 51-64, jul./set. 2018. Disponível em .

COSTA, B. B. Paulo Freire: educador-pensador da libertação. Pro-Posições, Campinas, v. 27, n. 1, p. 93-110, jan./abr. 2016. Disponível em .

DELAMATA, G. Los barrios desbordados: las organizacionaes de desocupados del Gran Buenos Aires. Buenos Aires: Eudeba, 2004.

DELL'ATTI, S.; TROTTA, A.; IANNUZZI, A. P.; DEMARIA, F. Corporate social responsibility engagement as a determinant of bank reputation: an empirical analysis. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, v. 24, n. 6, p. 589-605, 2017. Disponível em < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/csr.1430>.

DIAS, A. C.; ALVES, S. M. S.; AMARAL, L. D. P do. A contribuição do pensamento decolonial na afirmação da cidadania. Revista Humanidades e Inovação, Palmas, v. 6, n. 7, p. 110-118, 2019. Disponível em .

FÁVERO, O. Paulo Freire: importância e atualidade de sua obra. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 7 n. 3, Edição Especial de Aniversário de Paulo Freire, dez. 2011. Disponível em < https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/7589>.

FERRELL, O. C.; HARRISON, D.; FERRELL, L.; HAIR, J. Business ethics, corporate social responsibility, and brand attitudes: an exploratory study. Journal of Business Research, v. 95, p. 491- 501, 2019. Disponível em .

FINK, A. Conducting research literature reviews: From the Internet to paper. 2 ed. Thousand Oaks: Sage, 2005.

FLORES, T. De la culpa a la autogestión: un recorrido del Movimiento de Trabajadores Desocupados de La Matanza. Buenos Aires: Ediciones Continente, 2005.

FREIRE, P. Ação Cultural para a liberdade. 14 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011a.

________. Educação e Mudança. 29 ed. Paz e Terra, 2006.

________. Educação como prática de liberdade. 40. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011b.

________. Pedagogia da indignação. Cartas pedagógicas e outros escritos. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

________. Pedagogia do Oprimido. 62 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011c.

________. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011d.

________. Conscientização: teoria e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 4. ed. São Paulo: Moraes, 1980.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5 ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2010.

GOHN, M. da G. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação, v. 16, n. 47, p. 333-361, 2011. Disponível em .

GOUVÊA DA SILVA, A. F. A construção do currículo na perspectiva popular crítica: das falas significativas às práticas contextualizadas. 2004. 375f. Tese (Doutorado em Educação: currículo) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004. Disponível em .

KALBERG, S. Max Weber’s types of rationality: cornerstones for the analysis of rationalization process in history. American Journal of Sociology, v. 85, n. 5, p. 1145-1179, 1980. Disponível em .

LIMA, J. G. S. A. Paulo Freire e a Pedagogia do Oprimido: afinidades pós-coloniais. 2011. 136f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional; Cultura e Representações) — Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011. Disponível em < https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/13633

LIMA, J. G. S. A. de; PERNAMBUCO, M. M. C. A. Horizontes pós-coloniais da Pedagogia do Oprimido e suas contribuições para os estudos curriculares. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, p. 1-24, 2018. Disponível em .

MIGLIEVICH-RIBEIRO, A. Por uma razão decolonial. Desafios ético-político-epistemológicos à cosmovisão moderna. CIVITAS – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 66-80, jan.-abr. 2014. Disponível em .

MIGNOLO, W. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Argentina: Ediciones del signo, 2010.

MIGNOLO, W. Os esplendores e as misérias da “ciência”: colonialidade, geopolítica do conhecimento e pluri-versalidade epistémica. In: SANTOS, Boaventura de Sousa (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. “Um discurso sobre as Ciências” revisitado. São Paulo: Cortez, p. 667-709, 2004.

MISOCZKY, M. C. A.; MORAES, J.; FLORES, R. K. Bloch, Gramsci e Paulo Freire: referências fundamentais para os atos da denúncia e do anúncio. Cadernos EBAPE, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, artigo 4, p. 447-471, set. 2009. Disponível em .

MORAES, J. Responsabilidade social corporativa: reflexões sob a égide do pensamento de Paulo Freire. RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 98-115, set./dez. 2019. Disponível em .

MORAES, J.; MISOCZKY, M. C. A. Práticas Organizacionais do Movimento de Trabajadores Desocupados de La Mantaza à luz do pensamento de Paulo Freire. RPCA – Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, p. 1-15, jul./set. 2018. Disponível em .

MOTA NETO, J. C. Por uma Pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2016.

NOGUERA, R. O ensino de filosofia e a lei 10.639. Rio de Janeiro: Pallas: Biblioteca Nacional, 2014.

OKOLI, C. Guia para realizar uma revisão sistemática da literatura. Tradução de David Wesley Amado Duarte; Revisão técnica e introdução de João Mattar. EaD em Foco, v. 9, n. 1, e748, 2019. Disponível em .

OLIVEIRA, L. F. de. O que é uma Educação Decolonial? 2019. pdf. Disponível em: < https://www.academia.edu/23089659/O_QUE_%C3%89_UMA_EDUCA%C3%87%C 3%83O_ DECOLONIAL. Acesso: 14/06/2020.

PENNA, C. Paulo Freire no pensamento decolonial: um olhar pedagógico sobre a teoria pós-colonial latino-americana. Revista de Estudos & Pesquisas sobre a América, Brasília, v. 8, n. 2, p. 181-199, 2014. Disponível em .

PINTO, R. de S.; MIGNOLO, W. D. A modernidade é de fato universal? Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. CIVITAS – Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 381-402, 2015. Disponível em .

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: ed. CLACSO, 2005. pdf. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar /clacso/sursur/20100624103322/12_Quijano.pdf.

REIS, M. de N.; ANDRADE, M. F. F. de. O pensamento decolonial: análise, desafios e perspectivas. Revista Espaço Acadêmico, n. 202, p. 1-11, 2018. Disponível em .

ROUSSEAU, D. M.; MANNING, J.; DENYER, D. Evidence in management and organizational science: Assembling the field’s full weight of scientific knowledge through syntheses. SSRN eLibrary, 2008.

SANTOS, B. S. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008. (Coleção para um Novo Senso Comum. v. 4).

SANTOS, C. C. Educação, estudos pós coloniais e decolonialidade: Diálogos com a Lei 11.645/08. Revista do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade, Jequié, v. 3, n. 5, jan./jun. 2018. Disponível em

SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

WALSH, C. Pedagogías Decoloniales. Práticas Insurgentes de resistir, (re)existir e (re)vivir. Serie Pensamiento Decolonial. Editora Abya-Yala. Equador, 2017.

WORLD BANK. The World Bank. Corporate Responsibility. Disponível em . Acesso em julho de 2020.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2022.19.4.1

Enlaces refback

  • No hay ningún enlace refback.


Licencia de Creative Commons
Este obra está bajo una licencia de Creative Commons Reconocimiento-NoComercial-SinObraDerivada 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)