SABER, DESEJO E ATO: O QUE ÉDIPO E HAMLET DIZEM À PSICANÁLISE

Hevellyn Ciely da Silva Corrêa, Maria Cristina Candal Poli

Resumo


O presente estudo busca atualizar o diálogo entre psicanálise e tragédia a partir do estabelecimento de pontos de conversão e difusão entre os heróis Édipo e Hamlet, focos de interesse de Freud (1900) e Lacan(1958-1959). Interroga-nos saber de que modo estes heróis portam o teor trágico que os fez representantes desta particular forma de arte, o que poderia ser compreendido unicamente à luz da história da arte, porém, nosso olhar psicanalítico faz o interesse se direcionar ao núcleo desejoso que os tornou emblemáticos neste vocabulário. Trata-se, portanto, de compreender o lugar do desejo, com seu pathos trágico, nas figuras de Édipo e Hamlet. A investigação acerca destes personagens mostra que eles operam no discurso psicanalítico apontando a natureza do desejo em sua paradoxal relação com o saber: Édipo é aquele que age por não saber e Hamlet aquele que, por saber, não consegue agir, o que demonstra, segundo Lacan (1958-1959), que no herói grego o desejo é pela mãe enquanto Hamlet é habitado pelo desejo da mãe. Como podemos observar, desejo e saber mantém uma estreita relação, a qual se mostrará em ato (ou no impedimento dele). Porém, ao nos determos mais atentamente nesta relação, notamos que não se trata do saber em simples contraposição ao desejo, mas do saber que é habitado pelo desejo e, por isso, não se dá ao consciente senão por uma perda, que impede qualquer tentativa de cingi-lo completamente.

Palavras-chave


PSICANÁLISE; DESEJO; SABER; TRAGÉDIA

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