“# Eu, Empregada Doméstica”: Entre A Dominação Afetiva e a Precariedade Subjetiva / "#I Maid": Between Affective Domination and Subjective Precariousness
Resumo
Quando se fala de emprego doméstico, o imaginário da população é limitado e só consegue imaginar um trabalhador bem estereotipado, sendo do gênero feminino, negra e pobre. Contudo, ninguém é capaz de inferir o que decorre das relações de trabalho do trabalho doméstico. Podemos imaginar um ambiente de trabalho amistoso, igualitário e pautado nas melhores práticas entre patrões e trabalhadoras domésticas? Le Guillant (2006) observa que a condição de empregada doméstica está enraizada no ressentimento e na humilhação, uma vez que sua atividade é colocada em um lugar social desqualificado. Nesse contexto, indaga-se: O que desvelam os relatos de trabalhadoras domésticas sobre suas condições e relações de trabalho no emprego doméstico? O presente artigo visa analisar e desvelar essas questões a partir de relatos feitos por trabalhadoras em uma página de uma rede social. Para analisar o corpus de pesquisa, optou-se pela Análise de Narrativas.
Palavras-chave: Trabalhadoras Domésticas. Trabalho. Precarização. Dominação Afetiva
Abstract
When talking about domestic employment the imaginary of the population is limited and can only imagine a worker, well stereotyped, being female, black and poor, however, no one is able to infer what is stemming from work relations of work Domestic. Can we imagine a friendly, egalitarian work environment based on best practices among employers and domestic workers? Le Guillant (2006) notes that the status of maid is rooted in resentment and humiliation, since her activity is placed in a disqualified social place. In this context, it is asked: What dothe reports of domestic workers about their working conditions and relationships in domestic employment be unveiled? This article aims to analyze and unveil these issues from reports made by workers on a social network page. To analyze the research corpus, narrative analysis was chosen.
Keywords: Domestic Workers. Work. Precariousness, Affective Domination.
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DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2020.17.3.1
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