“Só Contrata Moça Bonita, Entendeu?”: A Beleza e Suas Implicações no Setor Bancário / “I Hire Only Pretty Ladies, Got It?”: Beauty and its Implications in the Banking Sector

Jéssica Aparecida Adão, Adílio Renê Almeida Miranda

Resumo


A presente pesquisa tem o objetivo de compreender como a beleza é percebida no ambiente de trabalho por bancários de dois municípios do sul de Minas Gerais. Para tanto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, submetidas à Análise de Conteúdo (AC). Os resultados da pesquisa evidenciaram que a beleza é um elemento muito valorizado no ambiente bancário, seja nos processos de recrutamento e seleção, no cotidiano do banco e na ascensão profissional. Verificou-se, também, que a beleza foi abordada a partir da perspectiva dos padrões de vestimenta, cujas exigências podem criar dificuldades para os funcionários. Os achados mostram que a beleza no setor bancário foi associada às mulheres, nas três categorias de análise construídas. Apenas na dimensão da beleza como forma de se vestir, os entrevistados abordaram a vertente masculina. Percebeu-se que a questão da beleza está circunsta nas fronteiras do gênero, manifestando sentido ambivalente, que ora cria pressões para mulheres se adequarem a padrões, ora a beleza pode se usada como aspecto favorável na busca de melhores resultados. Ambas as perspectivas se inserem na noção de beleza como mercadoria.

                           

Palavras-chave: Aparência Física. Beleza. Instituições Bancárias.

 

ABSTRACT

 

The following research's objective is to comprehend how beauty is noticed in the work environment by banking sector workers from cities in the South of Minas Gerais. Therefore, some qualitative research has been done where the data has been collected through semistructured interviews, being those analyzed through Content Analysis (CA). The research's results highlighted that beauty is highly valued in the banking working environment, being this noticed during the hiring process, the bank's daily basis, or for professional upgrades purposes. It was also observed that beauty was understood from the perspective of clothes standards, which demands might make employees struggle. The results showed that beauty in the banking sector was associated with women in all of the three categories of analysis created. Only in the dimension of beauty as a way of dressing the interviewees mentioned the male aspect. It was possible to notice that beauty is under gender circumstances, showing an ambivalent meaning that sometimes pressures women to fit in the standards, sometimes can be used as a positive aspect in the search for better results. Both perspectives are under the notion of beauty as a product.

 

Keywords: Physical Appearance. Beauty. Banking Institutions.

 


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


ALCANTARA, A. P. B.; ITUASSU, C. T.; MOURA, L. R. C. A Beleza Compensa: Um Estudo do Capital Erótico como Fonte de Poder Simbólico. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v. 6, n. 15, p. 219-254, 2019.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

CRUZ, P. P. et al. Culto ao corpo: as influências da mídia contemporânea marcando a juventude. Fazendo Gênero, v. 8, 2008.

PAIM, A. S.; PEREIRA, M. E. Aparência física, estereótipos e discriminação racial. Ciências & Cognição, v. 16, n. 1, 2011.

ETCOFF, N. Survival of the prettiest: The science of beauty. Anchor, 2011.

FERREIRA, A. B. de H. Mini Aurélio. In: O minidicionário Aurélio da língua portuguesa. 2003.

GODOY, A. S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de empresas, v. 35, n. 3, p. 20-29, 1995.

GOLDENBERG, M Corpo, envelhecimento e felicidade na cultura brasileira. Revista Contemporânea, v. 9, n. 2, 2011.

GOMES, N. L. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação, n. 23, p. 75-85, 2003.

GOMES, N. L. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural?. Revista brasileira de Educação, n. 21, p. 40-51, 2002.

GRISCI, C. L.; SCALCO, P. D.; KRUTER, G. E.. A beleza física no contexto do trabalho imaterial bancário. Anais do XXXII Encontro Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração, Rio de Janeiro, RJ: Enanpad, 2008.

GRISCI, C. L. I. et al. Beleza física e trabalho imaterial: do politicamente correto à rentabilização. Psicologia: Ciência e profissão, v. 35, n. 2, p. 406-422, 2015.

GRISCI, C. L. I; HOFMEISTER, P.; CIGERZA, G.. Trabalho imaterial, controle e subjetividade na reestruturação produtiva bancária. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Programas de Pós-Graduação em Administração, Curitiba, PR: Enanpad, 2004.

HAMERMESH, D. S.; BIDDLE, J. E. Beauty and the labor market. American Economic Review, v. 84, n. 5, 1174-1194, 1998.

HAMERMESH, D. O valor da beleza: Por que as pessoas atraentes têm mais sucesso. Elsevier Brasil, 2012.

HAMERMESH, D.; ABREVAYA, J. Beauty is the promise of happiness? European Economic Review, vol. 64, ed. C, 351-368, 2013.

HAKIM, C. Capital erótico. Rio de Janeiro: Best Business, 2012.

HOUSMAN, S. B. Psychosocial aspects of plastic surgery. In J. G. McCarthy (Ed.), Plastic surgery: General principles. Vol. 1, pp. 113-138. Philadelphia, PA: W. B. Saunders, 1990

LYSARDO-DIAS, D. A construção e a desconstrução de estereótipos pela publicidade brasileira. Stockolm Review of Latin American Studies, n. 2, 2007.

MCCARTHY, J. G. Plastic surgery, vol. 1. Philadephia: Saunders, p. 43-44, 1990.

MAROUN, K; VIEIRA, V. Corpo: uma mercadoria na pós-modernidade/The body: a commodity in post-modernity/Cuerpo: una mercancía en la postmodernidad. Psicologia em Revista, v. 14, n. 2, p. 171-186, 2008.

MUSSI, M. A. Aparência física no trabalho: uma questão contemporânea para a ergonomia. Tese de Doutorado, UFSC, 2004.

NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa: características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 1-5, 1996.

PEREIRA, L. A. R.; DOS SANTOS, G. E. Capital Erótico no Ambiente Organizacional: A sua influência no processo seletivo e na empregabilidade. Revista de Ciências Gerenciais, v. 17, n. 26, p. 21-34, 2013.

RUSSO, R. Imagem corporal: construção através da cultura do belo. Movimento & Percepção, v. 5, n. 6, p. 80-90, 2005.

SAMPAIO, R. P. A., FERREIRA, R. F. Beleza, identidade e mercado. Psicologia em Revista, v. 15, n. 1, p. 120-140, 2009.

SCHLÖSSER, A.; CAMARGO, B. V. Aspectos não explícitos das representações sociais da beleza física em relacionamentos amorosos. Psicologia e Saber Social, v. 4, n.1, p. 89-107, 2015.

SULIANO, D. H. O valor da beleza. Por que as pessoas atraentes têm mais sucesso. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2012, 199 p. Estudos Econômicos, 44(2), 435- 440, 2014.

TEIXEIRA, C. E. S.; RETONDAR, J. J. M. O uso do salto alto por mulheres jovens: entre a biomecânica do movimento e o imaginário da elegância. Corpus et scientia, v. 7, n. 1, 2011.

TEIXEIRA, J. C.; PERDIGÃO, D. A.; CARRIERI, A. P.. O discurso gerencialista e a construção de ideais estéticos femininos e masculinos. Farol-Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, v. 3, n. 7, p. 385-436, 2016.

TEIXEIRA, S. A. Produção e consumo social da beleza. Horizontes Antropológicos, v. 7, n. 16, p. 189-220, 2001.

TONON, L.; GRISCI, C. L. I. Gestão gerencialista e estilos de vida de executivos. Revista de Administração Mackenzie (Mackenzie Management Review), v. 16, n. 1, 2014.

VERGARA, S. C.. Projetos e relatórios de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2022.19.2.3

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)