Envelhecimento nos Estudos Organizacionais: Proposta de Agenda de Pesquisa / Aging in Organizational Studies: Proposed Research Agenda

Guilherme Gustavo Holz Peroni

Resumo


O objetivo deste ensaio teórico é analisar o campo de pesquisa sobre o envelhecimento no contexto organizacional a partir de uma perspectiva transdisciplinar. Trata-se de um estudo bibliográfico sobre alguns aspectos do processo de envelhecimento nas organizações. Para isso, adotou-se uma literatura nacional e internacional preponderantemente qualitativa. A discussão gira em torno das abordagens de pesquisa, os desafios e dificuldades do campo científico e os paradoxos do envelhecimento no contexto do mundo do trabalho. Assim, o artigo busca organizar o campo de pesquisa sobre o processo de envelhecimento nos estudos organizacionais, bem como traz avanços na construção de uma agenda de pesquisa sobre o processo de envelhecimento nas organizações. Além disso, apresentam-se as implicações práticas e sociais da pesquisa no que diz respeito ao envelhecimento da força de trabalho, por exemplo, as políticas organizacionais de gestão de pessoas, o enfrentamento do etarismo e as modificações do padrão de consumo.

 

Palavras-chave: Envelhecimento. Velhice. Trabalhadores mais Velhos. Estudos Organizacionais.

 

ABSTRACT

 

The purpose of this theoretical essay is to analyze the field of research on aging in the organizational context from a transdisciplinary perspective. This is a bibliographical study on some aspects of the aging process in organizations. For this, a predominantly qualitative national and international literature was adopted. The discussion revolves around research approaches, the challenges and difficulties of the scientific field and the paradoxes of aging in the context of the world of work. Thus, the article seeks to organize the field of research on the aging process in organizational studies, as well as bringing advances in the construction of a research agenda on the aging process in organizations. In addition, practical and social implications of the research are presented with regard to the aging of the workforce, for example, organizational policies for people management, coping with ageism and changes in consumption patterns.

 

Keywords: Aging; Old age. Older workers. Organizational Studies.


Texto completo:

PDF RAR XML

Referências


Barros, M. M. L. (2011). A velhice na pesquisa socioantropológica brasileira. In M. Goldenberg (Org.). Corpo, envelhecimento e felicidade. (pp. 45-64). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Bauer, M. W., Gaskell, G, & Allum, N. (2015). Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento - evitando confusões. In M. W. Bauer, & G. Gaskell. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. (pp. 17-36). Rio de Janeiro: Vozes.

Bengston, V. L., & Setterston, R. A. (2016). Theories of aging: developments within and across disciplinary boundaries. In V. L. Bengston & R. A. Setterston, (Eds.). Handbook of theories of aging. (3a ed., pp. 1-6). New York: Springer Publishing Company, LLC.

Butler, R. N. (1980). Ageism: A foreword. Journal of Social Issues, 36(2), 8-11. doi: 10.1111/j.1540-4560.1980.tb02018.x

Cepellos, V. M. (2018). Envelhecimento nas organizações: os grandes debates sobre o tema nos estudos de Administração. Teoria e Prática em Administração (TPA), 8(1), 138-159. doi: 10.21714/2238-104X2018v8i1-37614

_____, & Tonelli, M. J. (2017). Envelhecimento profissional: percepções e práticas de gestão da idade. Revista Alcance, 24(1), 4-21. doi: 10.14210/alcance.v24n1.p004-021

_____, Silva, G. T., & Tonelli, M. J. (2019). Envelhecimento: múltiplas idades na construção da idade profissional. Organizações & Sociedade, 26(89), 269-290. doi: 10.1590/1984-9260894

Chand, M., & Tung, R. L. (2014). The aging of the world's population and its effects on global business. Academy of Management Perspectives, 28(4), 409-429. doi: 10.5465/amp.2012.0070

Emenda Constitucional n. 103, de 12 de novembro de 2019. (2019). Altera o sistema de previdência social e estabelece regras de transição e disposições transitórias. Brasília, DF: Palácio do Planalto. Recuperado em 17 de junho, 2020, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm

Goldani, A. M. (2010). Desafios do "preconceito etário" no Brasil. Educ. Soc, 31(111), 411-434. Recuperado em 11 de abril, 2020, de https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=87315814007

Hanashiro, D. M. M., & Pereira, M. F. M. W. M. (2020). O etarismo no local de trabalho: evidências de práticas de “saneamento” de trabalhadores mais velhos. Revista Gestão Organizacional, 13(2), 188-206. doi: 10.22277/rgo.v13i2

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2020). Indicadores IBGE: pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua primeiro trimestre de 2020. Recuperado em 8 de junho, 2020, de https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2421/pnact_2020_1tri.pdf

_____. (2023). Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua: primeiro trimestre de 2023. Recuperado em 25 de julho, 2023, de https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2421/pnact_2023_1tri.pdf

_____. (2018). Projeção da população 2018: número de habitantes do país deve parar de crescer em 2047. Recuperado em 25 de janeiro, 2019, de https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/21837-projecao-da-populacao-2018-numero-de-habitantes-do-pais-deve-parar-de-crescer-em-2047

_____. (2020). Tábua completa de mortalidade para o Brasil – 2019: breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Recuperado em 21 de abril, 2021, de https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/3097/tcmb_2019.pdf.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2010). Comunicados do IPEA: tendências demográficas, 64. Recuperado em 21 de maio, 2020, de https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/101013_comunicadoipea64.pdf

Lei n. 10.741, de 1 de outubro de 2003. (2003). Dispõe sobre o estatuto do idoso e das outras providências. Brasília, DF: Palácio do Planalto. Recuperado em 22 de maio, 2020, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm

Nascimento, R. P., Costa, D. V. F., Salvá, M. N. R., Moura, R. G. D., & Simão, L. A. S. (2016). “Trabalhar é manter-se vivo”: envelhecimento e sentido do trabalho para docentes do ensino superior. Sociedade, Contabilidade e Gestão, 11(2), 118-138. Recuperado em 17 de junho, 2020, de http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/ufrj/article/view/2785/2299

Nilsson, K. (2011). Attitudes of managers and older employees to each other and the effects on the decision to extend working life. In R. Ennals & R. H. Salomon. (Eds.). Older workers in a sustainable society. (pp.147-156). Frankfurt: Peter Lang.

_____. (2016). Conceptualisation of ageing in relation to factors of importance for extending working life: a review. Scandinavian Journal of Public Health, 44(5), 490-505. doi: 10.1177/1403494816636265

Nkomo, S. M., & Cox, T. (1998). Diversidade e identidade nas organizações. In S. R. Clegg, C. Hardy & R. W. Nord (Orgs.). Handbook de Estudos Organizacionais. (Vol.1, pp. 334-360). São Paulo: Atlas.

Peroni, G. G. H., & Martins-Silva, P. O. (2023). Percepções dos servidores públicos mais velhos sobre a aposentadoria. Revista FSA (Centro Universitário Santo Agostinho), 20(4), 173-198. doi: 10.12819/2023.20.4.10

Santos, L. A. C., Faria, L., & Patiño, R. A. (2018). O envelhecer e a morte: leituras contemporâneas de psicologia social. Revista Brasileira de Estudos de População, 35(2), 1-15. doi: 10.20947/S0102-3098a0040

Schneider, R. H., & Irigaray, T. Q. (2008). O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. Estudos de Psicologia (Campinas), 25(4), 585-593. doi: 10.1590/S0103-166X2008000400013

Sennett, R. (2006). A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record.

Soulé, F. V. (2019). A velhice na imprensa de negócios: novas sensibilidades culturais em uma economia financeirizada. Organizações & Sociedade, 26(91), 729-749. doi: 10.1590/1984-9260916

Spedale, S., Coupland, C., & Tempest, S. (2014). Gendered ageism and organizational routines at work: the case of day-parting in television broadcasting. Organization Studies, 35(11), 1585-1604. doi: 10.1177/0170840614550733

_____. (2019). Deconstructing the ‘older worker’: exploring the complexities of subject positioning at the intersection of multiple discourses. Organization, 26(1), 38-54. doi: 10.1177/1350508418768072

Stuart-Hamilton, I. (2002). A psicologia do envelhecimento: uma introdução. (3a ed.). Porto Alegre: Artmed.

Taylor, P., Loretto, W., Marshall, V., Earl, C., & Phillipson, C. (2016). The older worker: identifying a critical research agenda. Social Policy and Society, 15(4), 675-689. doi: 10.1017/S1474746416000221

Thomas, R., Hardy, C., Cutcher, L., & Ainsworth, S. (2014). What’s age got to do with it? On the critical analysis of age and organizations. Organization Studies, 35(11), 1569-1584. doi: 10.1177/0170840614554363

Torres, T. D. L., Camargo, B. V., Boulsfield, A. B., & Silva, A. O. (2015). Representações sociais e crenças normativas sobre envelhecimento. Ciência & Saúde Coletiva, 20(12), 3621-3630. doi: 10.1590/1413-812320152012.01042015

Vasconcelos, A. F. (2012). Ageism: a study of demographic diversity in Brazil. Management Research: Journal of the Iberoamerican Academy of Management, 10(3), 187-207. doi: 10.1108/1536-541211273865

_____. (2018). Older workers as a source of wisdom capital: broadening perspectives. Revista de Gestão, 25(1), 102-118. doi: 10.1108/REGE-11-2017-002

_____. (2015). Older workers: some critical societal and organizational challenges. Journal of Management Development, 34(3), 352-372. doi: 10.1108/JMD-02-2013-0034

Vieira, R. A., & Cepellos, V. M. (2022). Mulheres executivas e seus corpos: as marcas do envelhecer. Organizações & Sociedade, 29(100), 154-180. doi: 10.1590/1984-92302022v29n0006EN

World Health Organization. (2002). Active Ageing: the concept and rationale. Retrieved June 5, 2020, from https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/67215/WHO_NMH_NPH_02.8.pdf;jsessionid=F58531D90879A0568A6AB6B12612C1E1?sequence=1

Zacher, H., Kooij, D. T. A. M., & Beier, M. E. (2018). Active aging at work: contributing factors and implications for organizations. Organizational Dynamics, 47(1), 37-45.

Zanon, R. R., Moretto, A. C., & Rodrigues, R. L. (2013). Envelhecimento populacional e mudanças no padrão de consumo e na estrutura produtiva brasileira. Revista Brasileira de Estudos de População, 30(Supl.), S45-S67. Recuperado em 17 de junho, 2020, de https://rebep.org.br/revista/article/view/383

Zanoni, P. (2011). Diversity in the lean automobile factory: Doing class through gender, disability and age. Organization, 18(1), 105-127. doi: 10.1177/1350508410378216

Zanuncio, S. V., Mafra, S. C. T., França, L. H. de F. P., & Ferreira, P. M. da C. M. (2019). Por que continuar trabalhando na velhice? O caso de Hefesto e seus 95 anos. Oikos: Família e Sociedade em Debate, 30(1), 87-103. doi: 10.31423/oikos.v30i1.3813




DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2024.21.9.2

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Ficheiro:Cc-by-nc-nd icon.svg

Atribuição (BY): Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que deem créditos devidos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
Não Comercial (NC): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais
Sem Derivações (ND): Os licenciados podem copiar, distribuir, exibir e executar apenas cópias exatas da obra, não podendo criar derivações da mesma.

 


ISSN 1806-6356 (Impresso) e 2317-2983 (Eletrônico)