Vivência de Estressores Psicossociais no Trabalho Docente em Escolas Públicas / Experience of Psychosocial Stressors in Teaching Work in Public Schools
Abstract
O presente trabalho teve como objetivo analisar os estressores psicossociais presentes no trabalho dos docentes da educação básica da rede estadual no Sul de Minas Gerais, avaliando as diferenças de percepção dos estressores de acordo com o gênero e o nível de renda. A população se constituiu de 790 docentes atuantes em 20 escolas da rede estadual sul mineira e a amostra, não probabilística por conveniência, envolveu um total de 452 docentes. Estes responderam a um formulário sociodemográfico e laboral e à Escala para Avaliação de Estressores Psicossociais no Contexto Laboral (EAEPCL). As informações foram tratadas por meio da utilização de técnicas estatísticas descritivas e inferenciais, como o cálculo de frequências, médias, desvio padrão, testes t e análises de correlação. Os resultados obtidos indicaram que não houve diferença de percepção sobre os estressores entre professores do sexo feminino e masculino e os estressores mais destacados na percepção dos participantes, como um todo, foram a sobrecarga de papéis, o conflito trabalho-família, a pressão do grau de responsabilidade e a insegurança na carreira. Além disso, dentre esses, o único estressor cuja percepção se mostrou associada ao nível de renda foi aquele que tratou da insegurança na carreira.
Palavras-chave: Estressores Psicossociais. Docentes. Educação Básica. Escolas Públicas.
ABSTRACT
The aim of the study was to analyze the psychosocial stressors in the work of basic education teachers from the state education system, working in the southern region of Minas Gerais, evaluating the differences in the perception of stressors according to gender and income level. The population consisted of 790 teachers working in 20 schools in the southern state of Minas Gerais and the non-probabilistic convenience sample involved a total of 452 teachers. They answered a sociodemographic and work form and the Scale for Assessment of Psychosocial Stressors in the Work Context (EAEPCL). The information was treated using descriptive and inferential statistical techniques, such as calculating frequencies, means, standard deviations, t tests and correlation analysis. The results obtained indicated that there was no difference in the perception of stressors between female and male teachers and the most prominent stressors in the participants' perception, as a whole, were role overload, work-family conflict, responsibility and career development. Furthermore, among these, the only stressor whose perception was associated with the level of income was the one that dealt with career development.
Keywords: Psychosocial Stressors. Teachers. Basic Education. Public Schools.
References
ARAÚJO, T. M. et al. Diferenciais de gênero no trabalho docente e repercussões sobre a saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, p. 1117-1129, 2006.
ARAÚJO, T. M.; GRAÇA, C. C.; ARAÚJO, E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do Modelo Demanda-Controle. Ciência e saúde coletiva, v. 8, n.4, p. 991-1003, 2003.
ARAÚJO, T. M.; PINHO; P. S.; MASSON, M. L. V. Trabalho e saúde de professoras e professores no Brasil: reflexões sobre trajetórias das investigações, avanços e desafios. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, p. 1-14, 2019.
ASSUNÇÃO, A. A.; ABREU, M. N. S. Pressão laboral, saúde e condições de trabalho dos professores da Educação Básica no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, sup. 1, p. 1-16, 2019.
BIROLIM, M. M. et al. Trabalho de alta exigência entre professores: associações com fatores ocupacionais conforme o apoio social. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 4, p. 1255-1264, 2019.
CARLOTTO, M. S. et al. Estressores ocupacionais e estratégias de enfrentamento. Revista Subjetividades, v. 18, n. 1, p. 92-105, 2018.
COOPER, C. L.; DEWE, P. J.; O’DRISCOLL, M. P. Organizational stress: A review and critique of theory, research and applications. London: Sage, 2001.
COOPER, C. L.; MARSHALL, J. Occupational sources of stress: a review of the literature relating to coronary heart disease and mental ill health. Journal of Occupational Psychology, v. 49, p. 11-28, 1976.
FARO, A.; PEREIRA, E. M. Medidas do estresse: uma revisão narrativa. Psicologia, Saúde e Doenças, v. 14, n. 1, p. 101-124, 2013.
FERREIRA, M. C. et al. Escala para avaliação de estressores psicossociais no contexto laboral: construção e evidências de validade. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 28, n. 2, p. 340-349, 2015.
FERREIRA, M. C; ASMAR, E. M. L. Fontes ambientais de estresse ocupacional e burnout: tendências tradicionais e recentes de investigação. In: TAMAYO, A. (Org.). Estresse e cultura organizacional. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
FREITAG, R. M. K. Amostras sociolinguísticas: probabilísticas ou por conveniência?. Revista de Estudos da Linguagem, v. 26, n. 2, p. 667-686, 2018.
FOLKMAN, S. Personal control and stress and coping processes: a theoretical analysis. Journal of Personality and Social Psychology, v. 46, p. 839-852, 1984.
GOMES, A. R. et. al. Problemas e desafios no exercício da actividade docente: Um estudo sobre o estresse, “burnout”, saúde física e satisfação profissional do 3º ciclo do ensino secundário. Revista Portuguesa de Educação, v. 19, n. 1, p. 67-93, 2006.
JEX, S. M.; BRITT, T. W. Organizational psychology: a scientist-pracctitioner approach. 2. ed. John Wiley & Sons: New Jersey, 2008.
JOHNSON, S. et al. The experience of work-related stress across occupations. Journal of Managerial Psychology, v. 20, n. 2, p. 178-187, 2005.
KOURMOUSI, N.; ALEXOPOULOS, E. C. Stress sources and manifestations in a nationwide sample of pre-primary, primary, and secondary educators in Greece. Front Public Health, v. 4, n. 73, p. 1-9.
LAZARUS, R. S. From psychological stress to the emotions: a history of changing outlooks. Annual review of psychology, v. 44, n. 1, p. 1-21, 1993.
MACHADO, L. C.; LIMONGI, J. E. Prevalência e fatores relacionados a transtornos mentais comuns entre professores da rede municipal de ensino, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 17, n. 3, p. 325-34, 2019.
MARTINS, M. G. T. Sintomas de stress em professores brasileiros. Revista Lusófona de Educação, n. 10, p. 109-128, 2007.
MORIN, E. M.; AUBÉ, C. Psicologia e gestão. São Paulo: Atlas, 2009.
NEVES, M. Y. R.; BRITO, J. C.; MUNIZ, Hélder Pordeus. A saúde das professoras, os contornos de gênero e o trabalho no Ensino Fundamental. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, p. e00189617, 2019.
OCDE. Resultados da pesquisa TALIS Brasil 2013. OCDE, 2014. Disponível em: http://www.oecd.org/education/school/TALIS-2013-country-note-Brazil-Portuguese.pdf Acesso em: 20. Jul. 2020.
OECD. TALIS Brasil 2018 Results. OECD Publishing, 2019. Disponível em: http://www.oecd.org/education/talis-2018-results-volume-i-1d0bc92a-en.htm Acesso em: 20 jul. 2020.
PAIVA, K. C. M.; GOMES, M. A. N.; HELAL, D. H.. Estresse ocupacional e síndrome de burnout: proposição de um modelo integrativo e perspectivas de pesquisa junto a docentes do ensino superior. Gestão & Planejamento, v. 16, n. 3, p. 285-309, 2015.
PASCHOAL, T.; TAMAYO, Á. Validação da escala de estresse no trabalho. Estudos de Psicologia (Natal), v. 9, n. 1, p. 45-52, 2004.
PEREIRA, E, F. et al. Estresse relacionado ao trabalho em professores de educação básica. Ciencia & Trabajo, ano 16, n. 51, p. 206-210, 2014.
PEREIRA NETO, J. C.; LONDERO-SANTOS, A.; NATIVIDADE, J. C. Estressores da docência como preditores do bem-estar de professores do ensino fundamental. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v. 19, n. 3, p. 679-686, 2019.
REIS, E. J. F. B. d. et al. Trabalho e distúrbios psíquicos em professores da rede municipal de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 21, p. 1480-1490, 2005.
SAMPAIO, J. R.; GALASSO, L. M. R. Stress no mundo do trabalho: trajetória conceitual. In: LIMONGI-FRANÇA, A.C.; RODRIGUES, A. (2007) Stress e Trabalho: uma abordagem psicossomática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SEMMER, N. K., MEIER, L. L., & BEEHR, T. Aspectos sociais do trabalho: mensagens sociais diretas e indiretas que transmitem respeito ou desrespeito. In: ROSSI, A. M.; MEURS, J.; PERREWÉ, P. (Orgs.). Stress e qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Atlas, 2015.
UNESCO. O perfil dos professores: o que fazem, o que pensam, o que almejam. São Paulo: Moderna; 2004. Disponível em: < https://unesdoc.unesco.org/images/0013/001349/134925por.pdf <. Acesso em: 13 ago. 2020.
VALLE, L. E. R; REIMÃO, R.; MALVEZZI, S. Reflexões sobre psicopedagogia, estresse e distúrbios do sono do professor. Revista de Psicopedagogia, v. 28, n. 87, p. 237-245, 2011.
WEBER, L. N. D. et al. O estresse no trabalho do professor. Imagens da educação, v. 5, n. 3, p. 40-52, 2015.
ZANELLI, J. C. Estresse nas organizações de trabalho. In: BENDASSOLI, P.; BORGESANDRADE, J. E. Dicionário de psicologia do trabalho e das organizações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2015.
DOI: http://dx.doi.org/10.12819/2021.18.12.6
Refbacks
- There are currently no refbacks.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
ISSN 1806-6356 (Print) and 2317-2983 (Electronic)